Florestas de Várzea
Linhas de Atuação
O projeto "Florestas de Várzea" possui três linhas de ação:
1. Sensoriamento Remoto
2. Estrutura da Vegetação
3. Alagamento Estuarino
Estas três linhas articulam-se com a visão central do projeto, que tenta aplicar três vertentes metodológicas distintas para descrever e analisar a vegetação das florestas inundáveis: A aplicação de sensores de vários tipos embarcados em satélite para estudo e análise remota de aspectos da vegetação e do alagamento dos locais de amostragem, o estudo estrutural (aspectos da diversidade de espécies, a composição, a biomassa, a fitofisionomia e fitosociologia) das florestas inundáveis, e o estudo da dinâmica das massas de água que alagam estas florestas periodicamente (frequência e intensidade de alagamento, altura da coluna d’água).
Estas três linhas são apresentadas em maior detalhe nos subtópicos a seguir.
Sensoriamento Remoto
O uso do sensoriamento remoto para o estudo de áreas inundáveis oferece uma ampla gama de aplicações, incluindo não somente o mapeamento, mas também estimativas de parâmetros biofÃsicos e ecológicos, assim como monitoramento e análises históricas. No campo do sensoriamento remoto óptico, as aplicações incluem a determinação de parâmetros limnológicos como turbidez, concentração e natureza do material em suspensão, e da concentração de clorofila e outros pigmentos, além de variáveis biofÃsicas como a temperatura, e para a identificação de tipos de cobertura vegetal, estimativas de composição de espécies, estimativas de biomassa e produtividade, e determinação de estresse nutricional ou hÃdrico em plantas.
Os sensores de radar de abertura sintética (synthetic aperture radar, SAR) têm contribuÃdo significantemente para o sensoriamento remoto em áreas úmidas, devido a três caracterÃsticas principais: a capacidade de detectar inundação sob a cobertura vegetal, a capacidade de imageamento mesmo na presença de cobertura de nuvens, e a relação entre o retroespalhamento do sinal transmitido e a macroestrutura da vegetação (e.g. altura, densidade da copa, orientação das folhas e ramos). Uma ampla variedade de trabalhos baseados em SAR pode ser encontrada na literatura para o estudo de áreas úmidas, como estimativas de biomassa, mapeamento da cobertura da terra, e monitoramento da dinâmica de inundação. Além disso, a capacidade de imageamento regular fornece subsÃdio para estudos de monitoramento contÃnuo em alta frequência temporal.
Estrutura da Vegetação
Cerca de 70% dos 150.000 km² de áreas inundáveis ao longo do curso principal do Solimões-Amazonas é ocupado por florestas inundadas periodicamente devido às cheias dos rios adjacentes ou à ação de marés. Tais florestas podem ser classificadas com base no tipo de inundação, cor da água, tipo de solo, origem geológica, estrutura e composição das espécies. A composição florÃstica, riqueza de espécies e aspectos gerais da estrutura em florestas inundáveis, tais como densidade de árvores, altura de dossel, biomassa arbórea, dentre outros, estão fortemente ligadas aos locais onde as florestas estudadas se encontram ao longo do eixo de deslocamento do pulso de inundação, e da alta dinâmica dos rios. A deposição de sedimentos, como se sabe, está ligada ao gradiente de inundação e à topografia do solo onde se localiza a área de floresta. Sendo assim, florestas em nÃveis topográficos mais altos tendem a ter sedimentos de menor tamanho depositados em seus solos, pois estes se distribuem por toda a coluna d’água por terem menor massa.
Alagamento Estuarino
Ao contrário do consenso definido nos estudos das várzeas sazonais, os poucos estudos existentes nas florestas de várzea estuarina não puderam definir claramente as comunidades vegetais deste tipo de floresta inundada. Na região do estuário, onde a amplitude das marés varia de 2-4 metros diariamente, são denominadas de várzeas baixas (VB) aquelas florestas inundadas todos os dias ao longo do ano, por pelo menos seis horas durante as marés altas; e são denominadas de várzeas altas (VA) as florestas inundadas somente poucas vezes ao ano, principalmente no perÃodo chuvoso com o acréscimo das marés de sizÃgia (marés que ocorrem duas vezes ao ano, durante o fenômeno do equinócio, e chamadas localmente de "marés-vivas").
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