Três filhotes de peixes-boi são resgatados pelo Instituto Mamirauá, em três meses, na Reserva Amanã

Publicado em: 13 de maio de 2013

Nos últimos 90 dias, três filhotes de peixe-boi foram resgatados pelo projeto Aquavert na Reserva Amanã. Em comum, os três animais têm o fato de terem sido resgatados feridos, sem a presença das mães e com um longo processo de reabilitação pelos próximos anos, antes de voltar a fazer parte da população silvestre.

Capturada em uma rede malhadeira e arpoada no dorso, esse foi o processo pelo qual passou a filhote fêmea de peixe-boi, batizada de Bela, resgatada no último dia 27 de abril. O animal de 27 quilos e 115 centímetros de comprimento foi capturado por caçadores na Reserva Amanã, município de Maraã, Amazonas. Por tratar-se de um filhote, ela foi entregue aos pesquisadores do Centro de Reabilitação de Peixe-Boi Amazônico de Base Comunitária (Centrinho). O estado de saúde de Bela é estável, ela recebeu os curativos que necessitava e diariamente é amamentada com uma solução de leite em pó e complexos vitamínicos.
 
Com aproximadamente um mês de vida, 14 quilos e 93 cm de comprimento o filhote de peixe-boi Vilemar foi possivelmente vítima de predadores locais, pois o mesmo apresentava uma série de arranhões e marcas de mordidas pelo corpo. O animal foi encontrado no dia 14 de fevereiro, por um morador da comunidade Monte Ararate, flutuando às margens de um igarapé local. Vilemar recebeu tratamento por 15 dias, porém veio a falecer na manhã do dia 1º de março de causa ainda a ser investigada após necropsia do cadáver. 
 
Destino diferente teve a filhote Jerusa. Ela foi resgatada por pesquisadores do Instituto Mamirauá no dia 22 de fevereiro, na comunidade de Nova Jerusalém. Jerusa foi capturada acidentalmente em uma rede malhadeira durante o processo de pesca nos igarapés locais. Os próprios comunitários entraram em contato com o Instituto Mamirauá, que foi até o local resgatar o animal.
 
A oceanógrafa Miriam Marmontel, coordenadora do projeto Aquavert, destaca a importância do Centrinho no processo de conservação do peixe-boi amazônico: "O Centrinho foi criado como uma alternativa aos centros de reabilitação tradicionais, localizados em meio urbano. Por estar localizado em ambiente natural, dentro de uma reserva de desenvolvimento sustentável, proporciona aos animais um contato direto com o ambiente e o ciclo das águas, a interação com outros seres aquáticos, uma menor probabilidade de domesticação, uma oportunidade de sensibilização junto às comunidades locais, e a perspectiva de um retorno ao ambiente natural no mais curto período de tempo possível, para que voltem a fazer parte da população silvestre", afirmou.
 
O peixe-boi amazônico é o maior mamífero aquático da Amazônia. Ele possui um papel importante no ecossistema local, pois as fezes do animal funcionam como fertilizantes para os rios e lagos da região. Ainda sim, nos últimos 300 anos ele vem sendo incansavelmente caçado. Segundo informações da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), órgão que desenvolve um ranking das espécies em risco de extinção, o peixe-boi da Amazônia é uma espécie vulnerável, ou seja, corre risco de extinção na natureza. 
 
O projeto Conservação de Vertebrados Aquáticos Amazônicos (Aquavert) desenvolve pesquisas nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Amanã e Mamirauá. O projeto é uma iniciativa do Instituto Mamirauá, que visa desenvolver estratégias de conservação para mamíferos aquáticos, jacarés e quelônios, com patrocínio da Petrobras, por intermédio do Programa Petrobras Ambiental. (Texto Thiago Almeida). 
 

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