Especialistas identificam áreas prioritárias de conservação para a ariranha, animal ameaçado de extinção

Publicado em: 24 de fevereiro de 2025

Publicação resume conhecimento atualizado sobre a maior espécie de lontra do mundo e destaca 22 áreas onde as ariranhas têm melhores possibilidades de sobrevivência


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Ariranhas são monitoradas em projeto de conservação do Instituto Mamirauá na Amazônia. Crédito: Marcelo Ismar Santana

Especialistas de 12 países da América Latina publicaram juntos o resumo mais abrangente do conhecimento sobre a conservação da ariranha (Pteronura brasiliensis), incluindo a identificação das áreas ribeirinhas mais importantes que fornecem habitat para esse ícone aquático da Amazônia. Confira o relatório.

A publicação digital de 276 páginas conta com a participação de 40 autores de 12 países da América do Sul que compõem a distribuição dessa espécie ameaçada, e está disponível nos idiomas inglês, português e espanhol.

A ariranha, carnívoro social de grande porte, barulhento e vistoso que vive ao longo dos cursos de água da Amazônia, foi um alvo fácil durante o comércio de peles dos anos 1940-1970, sendo a sua pele considerada particularmente valiosa. Como resultado, foi quase completamente extinta na década de 1980. Ainda hoje, as populações em recuperação são consideradas em perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).


Relatório é um esforço inédito em conservação de ariranhas

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Ariranhas estão ameaçadas pela degradação de seus habitats e pela caça ilegal. Crédito: Marcelo Ismar Santana

A publicação resume o conhecimento mais abrangente e atualizado sobre a biologia, ecologia, ameaças e conservação da ariranha em cada um dos 12 países da sua distribuição histórica.

No relatório, são detalhadas as áreas onde existe conhecimento especializado sobre ariranhas. Foram identificadas 22 Unidades de Conservação Prioritárias da Ariranha, que correspondem a 29% da área de distribuição da espécie, e que representam a melhor esperança para a conservação desse mamífero semiaquático no futuro. Os autores fazem também uma série de recomendações para futuras ações de conservação dessa espécie extremamente carismática.

“Esta é uma grande conquista para a comunidade mundial de ariranhas”, afirma Miriam Marmontel, bióloga e líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

No Instituto Mamirauá, a pesquisadora trabalha há décadas para a conservação da ariranha no Brasil, país que abriga quase 62% da distribuição histórica da espécie.

“Este relatório reflete o engajamento dos atores mais relevantes da região amazônica, que se reuniram para compilar conhecimentos previamente publicados e inéditos, e para apresentar ideias e compromissos para a conservação da ariranha. Também destaca o papel crucial que o Brasil deve desempenhar nos esforços de conservação desta espécie grande, endêmica, ameaçada e icônica.”, ressalta.

O cientista sênior de Conservação da Wildlife Conservation Society (WCS) na Bolívia e na região dos Andes-Amazônia-Orinoco, Rob Wallace, acrescenta que “esta publicação mostra os incríveis esforços de conservação de um grupo de especialistas que estão todos apaixonados por esse ícone das águas doces. A WCS e a Sociedade Zoológica de Frankfurt coorganizaram o workshop original e, de modo geral, essa tarefa gigantesca enfatiza a disposição de um grupo mais amplo de unir forças e trabalhar em conjunto para destacar ainda mais a situação das lontras e estabelece uma série de prioridades geográficas e ações imediatas de conservação para o benefício dessa espécie globalmente ameaçada e dos habitats aquáticos que ela chama de lar”.

Usando a metodologia Range Wide Priority Setting, originalmente desenvolvida pela WCS há um quarto de século para avaliar o status de conservação da onça-pintada, o grupo de especialistas atualizou a área histórica da espécie (9.021.590 km²), modelou uma área histórica aquática ajustada e mais conservadora de 2,813.539 km², sistematizou 5.593 pontos de distribuição da ariranha em toda a área de distribuição e identificou áreas geográficas para as quais havia conhecimento especializado (63%), incluindo áreas onde a ariranha não ocorre mais (19%) e regiões geográficas onde a presença da ariranha é incerta devido à falta de conhecimento especializado (37%).

Em geral, as Unidades de Conservação Prioritárias de Ariranha eram relativamente grandes e aproximadamente 35% de sua área já foi designada como área protegida.

Fonte: Wildlife Conservation Society (WCS)



 

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