Pesquisa busca coletar informações sobre a mortalidade de botos amazônicos

Publicado em: 26 de julho de 2013

Diagnosticar as interações entre botos e a atividade pesqueira na região de Tefé (AM). Este é o objetivo de pesquisa realizada pelo Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá e que teve início em novembro de 2012. Desde então, o biólogo tefeense Luzivaldo Santos Júnior vem realizando expedições, para encontrar carcaças de botos, de uma a duas vezes por semana. A área de estudo abrange cerca de 60 quilômetros quadrados do Lago Tefé.

Legenda: o boto-vermelho é a espécie mais ameaçada pela pesca.
 
Os resultados parciais dessas coletas estão sendo apresentados, em forma de pôster, na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se estende até sexta-feira, dia 26 de julho, em Recife (PE). Segundo Luzivaldo, a espécie mais ameaçada é o boto-vermelho, considerado pelos pescadores prejudicial à pesca, pois é mais curioso que o boto-tucuxi, e se aproxima com mais frequência das malhadeiras utilizadas para capturar os peixes. 
 
Para compor esses resultados, foram realizadas 36 idas ao Lago Tefé, contabilizando 216 horas de observação. Foram recolhidas 10 carcaças, cinco de boto-vermelho e cinco de boto-tucuxi. O estudo concluiu que cinco botos apresentavam marcas de interação com apetrechos de pesca, como arpão e malhadeiras, sendo três de boto-vermelho. 
 
Na opinião do biólogo, apesar do boto não ter um predador específico, a interação com o homem durante a pesca acaba sendo a maior ameaça à espécie. "As marcas encontradas em alguns indivíduos permitem ao grupo concluir que os cetáceos estão sendo afetados por atividades de pesca, tornando desarmônica a relação destes animais com os pescadores", informou Luzivaldo. 
 
Após encontrar um boto, esse é coletado e transportado para o Instituto Mamirauá, onde a carcaça é vistoriada em busca de marcas de rede, de agressão, ou de qualquer outro indício que leve a identificar a causa da morte. Dependendo do estado de decomposição, biometria e necropsia são realizadas. Os ossos coletados dos indivíduos são guardados no acervo mastozoológico do Instituto Mamirauá. 
 
Texto: Eunice Venturi

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