Mistura entre arte e ciência marca primeiro dia do simpósio do Instituto Mamirauá

Publicado em:  4 de julho de 2018

Em Tefé (AM), minicursos atraem público leigo e especializado para temas como Desenho e Biologia, mostrando elos entre campos do conhecimento. Programação faz parte do 15º Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia

Muito antes da fotografia e das ilustrações digitais em 3D, os bons e velhos papel, grafite e tinta eram ferramentas para pesquisadores na tarefa de comunicar ciência. Os traços, formas e cores do desenho não perderam a atualidade no mundo acadêmico e foram o foco de um minicurso no 15º Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia (Simcon). O evento começou nessa terça-feira (03) na sede do Instituto Mamirauá em Tefé, no Amazonas

"Arte e Ciência: ilustrando a biodiversidade da Amazônia" é o tema do minicurso conduzido pelo biólogo Ricardo Ribeiro da Silva. De acordo com Ricardo, que também é ilustrador científico, a proposta do curso é "trabalhar a ilustração científica e naturalista voltada para diferentes finalidades, tanto para artigos cientí­ficos, livros e também para educação ambiental, que é uma das áreas que eu considero muito importante você trabalhar a conscientização das pessoas por meio da ilustração".

Durante todo o primeiro dia de simpósio, uma das salas do Instituto Mamirauá se transformou em uma espécie de ateliê-laboratório, onde o público conheceu e pôs em prática princípios da ilustração.

Carolina Gomes foi uma das participantes do curso. Ela, que é integrante do Grupo de Pesquisa em Ecologia e Biologia de Peixes do Instituto Mamirauá, disse ter se interessado pelo curso porque quis "aprender um pouco mais sobre desenho científico, já que é muito importante que a gente ilustre o nosso trabalho".

"Para mim, que trabalho com comportamento de peixes, é fácil dizer que os animais de uma espécie são agressivos entre si, mas difícil fazer com que as pessoas visualizem como isso ocorre. A ilustração científica vem para isso, para mostrar melhor o que de fato acontece", afirma a pesquisadora.

O educador ambiental do Instituto Mamirauá, Claudioney Guimarães, também participou do minicurso. Para ele, os conhecimentos em ilustração vão ser úteis "porque nós que trabalhamos com educação ambiental precisa desse olhar do desenho para pensar em materiais e atividades de arte-educação que envolvam saberes da fauna e flora".

Além de "Arte e Ciência: ilustrando a biodiversidade da Amazônia", nessa edição do Simcon também foram oferecidos os minicursos "Biogeografia da Amazônia"; "Redes Neurais Artificiais Aplicadas à Ecologia Florestal"; "Biodiversidade e taxonomia de peixes do médio Solimões" e "Identificação, montagem e conservação de insetos".

Minicursos atraem jovens pesquisadores

O coordenador de Pesquisa e Monitoramento do Instituto Mamirauá, Emiliano Ramalho, ressalta que, na 15ª edição do simpósio, "tivemos temas bastantes interessantes, como biogeografia, biodiversidade, taxonomia de peixes e desenho científico. A diversidade de temas tem atraído os jovens pesquisadores locais, os pesquisadores do futuro na Amazônia".

O Instituto Mamirauá é uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovações (MCTIC). Sediada na região do Médio Solimões, Amazônia, o instituto realiza tradicionalmente o Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia (Simcon). A edição 2018 do evento segue nos dias 4, 5 e 6 de julho com palestras e apresentações de mais de 70 trabalhos cientí­ficos. O simpósio conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da Fundação Gordon and Betty Moore. Confira a programação completa aqui.

Texto: João Cunha

 

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