Instituto Mamirauá desenvolve pesquisa sobre nutrientes no solo

Publicado em:  5 de dezembro de 2014

Compreender a ecologia florestal de um determinado ambiente requer pensar sobre diversos aspectos. Em termos de flora, uma floresta precisa estar adequada e isso pode ser medido levando em conta quais plantas estão presentes, como suas sementes se dispersam e como se dá a sua manutenção. Outro elemento que pode nos dizer sobre as condições de uma floresta é a serapilheira que essa produz.

A serapilheira é o conjunto de folhas, frutos, galhos e sementes das árvores que caem ao chão, além de restos e dejetos de animais, que formam uma cobertura no solo. A formação desta cobertura faz parte do processo de ciclagem de nutriente. Neste ciclo, o material que a árvore perde retorna para essa através da decomposição, em forma de nutrientes. Um estudo conduzido pelo Grupo de Pesquisa em Ecologia Florestal do Instituto Mamirauá está se debruçando justamente sobre a serapilheira, para compreender mais sobre esse aspecto da dinâmica florestal em áreas de várzea.

Como conta Fabiana Ferreira, pesquisadora do Instituto Mamirauá, este trabalho procura "entender o processo de ciclagem de nutrientes, medindo a produção da serapilheira e a sua decomposição. Queremos entender se o volume produzido de folhas, frutos, galhos e sementes das árvores está retornando ao solo, pois é fundamental termos o conhecimento da estrutura e funcionamento do  ecossistema florestal. Como na várzea o estresse hídrico é bastante intenso, queremos também fazer a comparação entre os períodos de seca e cheia".

Um total de 60 caixas de isopor, que funcionarão como coletores, serão deixadas em ambientes de  várzea alta, várzea baixa e chavascal, todos localizados na Reserva Mamirauá. Os coletores, que flutuarão conforme o nível da água, possuem internamente uma rede onde a serapilheira ficará depositada. Durante um ano e meio, mensalmente, o material coletado será recolhido para análise. "Queremos comparar quanto de serapilheira cada ambiente está produzindo, e a influência que a chuva e a inundação têm na produção deste material", diz Fabiana.

As folhas, que representam 80% do volume da serapilheira, farão parte de uma segunda etapa da pesquisa. "As folhas menos degradadas serão separadas e colocadas em pequenas bolsas de decomposição feitas de tela de náilon de 20 por 20 cm, para voltarem àquelas três áreas. Durante a seca, as bolsas ficarão no solo, e durante a cheia, ficarão presas nos galhos das árvores. A partir da perda de volume das folhas vamos medir o retorno de nutrientes para o solo. A decomposição da folha é que nos dá esse indicativo", afirma a pesquisadora.  

Para Fabiana, a pesquisa vai gerar informações importantes: "Através desse estudo pretendemos verificar como a floresta está respondendo ao estresse hídrico, partindo do estudo da serapilheira. Isso nos permite conhecer melhor os ambientes e a diferenças entres esses. A serapilheira, enquanto elemento chave, nos dá indicativos se o ambiente está bem estruturado, para a partir daí pensarmos em possibilidades de implementação de um manejo consistente".

 Estas ações fazem parte do projeto "Participação e Sustentabilidade: o Uso Adequado da Biodiversidade e a Redução das Emissões de Carbono nas Florestas da Amazônia Central" –BioREC – desenvolvido pelo Instituto Mamirauá com financiamento do Fundo Amazônia.

Texto: Vanessa Eyng

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