Debate sobre educação ambiental inaugura seminário no Instituto Mamirauá

Publicado em:  3 de julho de 2018

Evento começou nessa segunda-feira (2) na sede do instituto, em Tefé (AM). O seminário reúne experiências e resultados de projeto de conservação realizado na região com apoio do Fundo Amazônia

No combate às variações climáticas e à emissão de gases poluentes na atmosfera, a educação ambiental é um dos instrumentos-chave. Boas práticas com o meio ambiente são aprendidas em conjunto e podem transformar realidades, dentro e fora de sala de aula. A educação ambiental foi destaque no primeiro dia do 4º Seminário Anual do Projeto Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação (BioREC). O evento começou nessa segunda-feira (02) na sede do Instituto Mamirauá, em Tefé, estado do Amazonas.

"Educação ambiental em projetos socioambientais: reflexões e práticas com comunidades tradicionais de áreas protegidas" foi o tema da mesa-redonda que abriu a programação do evento na tarde de ontem. O debate reuniu representantes de órgãos de gestão de unidades de conservação, de ensino técnico e científico e moradores de áreas protegidas na região do Médio Solimões.

Educação ambiental na Floresta Nacional de Tefé

Rafael Rossato, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio), foi um dos participantes da mesa redonda, trazendo experiências de educação ambiental na Floresta Nacional (Flona) de Tefé. A unidade de conservação foi uma das primeiras no Brasil a criar um Plano Político Pedagógico, que orienta as ações de educação formal e não formal junto aos moradores da floresta.

Desde a aplicação do plano, em 2016, foram desenvolvidos livros didáticos para uso nas escolas rurais da Flona Tefé. No conteúdo, temas sobre a história, natureza, modos de vida e trabalho dos povos da região. "Uma das diretrizes do Plano Político Pedagógico é valorizar a cultura local e a educação ambiental de qualidade", indica Rafael Rossato.

Os professores das comunidades locais também foram envolvidos no plano, com formações promovidas pelo ICMBio para uso do material didático, incluindo um livro com 50 práticas pedagógicas para educadores. "A ideia é motivar os professores a usarem o material e serem criativos em sala de aula", afirma o analista ambiental.

Entre as atividades do plano, também estão o "Encontro de Jovens Protagonistas da Flona Tefé: mobilização e organização da juventude agroextrativista da Flona e entorno" e a formação de multiplicadores em criação de abelhas nativas sem ferrão para produção de mel, que teve o apoio do Instituto Mamirauá.

Um olhar sobre a conservação de tartarugas

Outra unidade de conservação importante na região, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é um refúgio e nascedouro para tartarugas amazônicas. A conservação de quelônios com a participação das populações da reserva é um dos focos do Instituto Mamirauá e também foi assunto da mesa redonda.

O pesquisador e professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Augusto Terán, apresentou resultados de sensibilização e proteção de tartarugas na reserva, em um período que trabalhou junto ao Instituto Mamirauá, entre 1998 e 2001. Foram monitoradas e protegidas cinco praias em Mamirauá, com foco em ninhos de três espécies de quelônios: tartaruga-da-amazônia, tracajá e iaçá.

O projeto acompanhou o nascimento dos filhotes de tartarugas e o retorno deles às águas, com a atuação direta de adultos e jovens estudantes das comunidades locais. "Esses tipos de ações fazem a ponte entre a escola e o tipo de recurso protegido", afirma Augusto Terán.

Comunidades e professores juntos na educação ambiental

Os resultados em educação ambiental feitos em mais de quatro anos do Projeto Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação (BioREC) finalizaram a mesa redonda.  A educadora ambiental do Instituto Mamirauá, Cláudia Barbosa, fez um balanço das atividades, entre elas hortas educativas em comunidades e a formação de professores para tratar temas de educação ambiental nas escolas rurais.

É o caso da professora Lidiane Cauper, que trabalha na comunidade Manacabi, dentro da Reserva Amanã. A professora, que também participou da mesa, disse que os professores da região aderiram ao projeto do Instituto Mamirauá, envolvendo também os estudantes na aprendizagem do cuidado à natureza. "Juntos podemos construir coisas melhores, não só para escola, mas para a comunidade também", afirma.

Seminário financiado pelo Fundo Amazônia

O 4º Seminário Anual do Projeto Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação (BioREC) acontece nos dias 02 e 06 julho de 2018, com entrada gratuita. Na programação, além da mesa redonda, haverá relatos de experiência e apresentações de pesquisas desenvolvidas pelo projeto. O seminário e o projeto contam com financiamento do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Texto: João Cunha

 

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