Projeto “Entre Águas Amazônicas” promove curso sobre manejo de sistemas agroecológicos no Amazonas
Publicado em: 21 de agosto de 2025
Realizado pelo Instituto Mamirauá na região do Médio Solimões, o curso tem como objetivo replicar técnicas nos territórios e integrar saberes tradicionais e científicos
Entre os dias 11 e 16 de agosto, o Instituto Mamirauá realizou o curso “Multiplicadores de manejo de sistemas agroecológicos”. Com foco em boas práticas de produção agroecológica, o evento foi organizado pelo Programa de Manejo de Agroecossistemas (PMA) e promovido pelo projeto “Entre Águas Amazônicas”, ambos executados pelo Instituto na região do Médio Solimões.
Por meio de atividades práticas e teóricas, o curso contou com metodologias participativas e tecnologias sociais adaptadas às realidades locais, visando a capacitação de técnicos da extensão rural, sendo eles agentes públicos, professores ou agricultores, de modo a atuarem como multiplicadores de práticas agroecológicas sustentáveis junto à agricultura familiar.
A iniciativa busca reduzir os impactos do uso de insumos químicos, agrotóxicos e de outras práticas não sustentáveis na agricultura familiar, contribuindo para minimizar a degradação do solo e a contaminação da água, a partir de técnicas sustentáveis ligadas à agroecologia e à produção orgânica.
Entre os participantes, estiveram presentes os representantes das secretarias municipais de Meio Ambiente e Produção dos municípios de Tefé, Alvarães, Maraã e Uarini; técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) de Tefé, Alvarães e Maraã; representantes da Secretaria Municipal de Educação de Tefé; professores do Instituto Federal do Amazonas (Ifam); além de agricultoras e agricultores do Clube de Mães e do Sistema Participativo de Garantia (SPG) da comunidade da Missão; e agricultores da Floresta Nacional de Tefé.
Durante o curso, em torno de 20 participantes passaram por estudos teóricos, realizados entre os dias 11 e 13 de agosto, onde puderam adquirir conhecimentos sobre produção agroecológica, certificação orgânica e espaços de comercialização, incluindo as discussões sobre a comercialização para políticas públicas de alimentação e troca de experiências no segmento.
Do dia 14 ao dia 16 de agosto, foram realizadas atividades práticas nas áreas experimentais do Ifam (campus Tefé), comunidade da Missão e no sítio São Francisco , localizados no município de Tefé. Na oportunidade, foi possível realizar trocas de experiências, reunir saberes ancestrais das comunidades, conhecimentos técnicos de professores e experiência de agricultores da região do Médio Solimões.
Na prática, os participantes puderam conhecer mais sobre as técnicas de plantio agroecológico, estratégias para manutenção e reparação do solo, bioinsumos, compostagens, manejo agroecológico de pragas e doenças, além de colocarem em prática os processos necessários para obtenção da Certificação Orgânica e terem a oportunidade de acompanhamento de visitas de verificação da conformidade orgânica e do preenchimento do Plano de Manejo Orgânico (PMO), sendo estes processos exigências para a certificação de agricultores frente ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Para a coordenadora do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá, Fernanda Viana, os ensinamentos em boas práticas agroecológicas e dos processos de certificação orgânica permitirão que os participantes multipliquem o conhecimento em comunidades mais distantes.
“A partir dessas aprendizagens, as pessoas poderão produzir seus alimentos de forma segura. Em cenários de seca extrema, é fundamental ter acesso a esses alimentos na própria comunidade, devido ao isolamento. Assim, as práticas agroecológicas proporcionarão uma melhor qualidade de vida e o acesso a diversidade de alimentos naturais e saudáveis ao longo de um ano inteiro”, destacou a coordenadora.
Protagonismo feminino
O curso “Multiplicadores de Manejo de Sistemas Agroecológicos” também deu voz e protagonismo às mulheres na agricultura orgânica e agroecológica, com a participação do Clube de Mães da comunidade da Missão, o primeiro grupo no município de Tefé a receber a Certificação Orgânica pelo Mapa.
“A agroecologia é uma ciência que une os saberes tradicionais e o conhecimento científico, formando uma grande rede de práticas sustentáveis. Ter este curso em nossa comunidade é fundamental para trocar experiências e, juntos, minimizarmos os impactos ambientais e a degradação do meio ambiente”, destacou Bernadete de Araújo, agricultora, técnica em agroecologia e coordenadora do grupo orgânico e do grupo de mulheres da comunidade da Missão.
Outros assuntos importantes foram abordados durante todo o curso, como é o caso das políticas de compras públicas no mercado de produção orgânica da agricultura familiar, as orientações sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), a comercialização em feiras e ainda os desafios dos produtores orgânicos no acesso às políticas públicas de alimentação.
Foto: Miguel Monteiro
Sobre o projeto “Entre Águas Amazônicas”
“Entre Águas Amazônicas” é um projeto que atua em cerca de 4,8 milhões de hectares, distribuídos entre unidades de conservação, terras indígenas, áreas ribeirinhas e outras áreas produtivas nos estados do Pará, Amazonas e Amapá.
Seu objetivo é fortalecer a gestão participativa dos recursos naturais para promover o desenvolvimento sustentável, conservar a biodiversidade, manter os estoques de carbono, a preservação florestal e melhorar as condições de vida de comunidades tradicionais.
O projeto também atua na melhoria e na recuperação dos ecossistemas de várzeas e mangues, que estão entre os mais ameaçados da Amazônia. Por serem áreas úmidas, essas regiões são fundamentais tanto para as populações locais quanto para o equilíbrio do planeta e, para garantir a manutenção e conservação desses ambientes, são promovidas ações de capacitação, desenvolvimento de planos de manejo, monitoramento e fortalecimento de governança.
O projeto “Entre Águas Amazônicas” conta com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), execução pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e implementação pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), tendo como organização executora o Instituto Mamirauá, que vem realizando ações e atividades do projeto em todos os seus estados de atuação.
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