Jovens ribeirinhos aprendem técnicas de produção agrÃcola e animal em dia de campo
Publicado em: 21 de maio de 2019
Jovens ribeirinhos da região do Médio Solimões, na Amazônia Central, participaram de um ‘dia de campo’ em uma fazenda, onde aprenderam técnicas de produção agrÃcola e animal como alternativas de fonte de renda. As atividades com os alunos do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) do Instituto Mamirauá aconteceram no dia 7 de maio, na Fazenda Agda, no distrito de Tefé, no Amazonas.
O encontrou ocorreu após uma série de aulas teóricas ministradas por técnicos do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá, unidade fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), sobre criação de abelhas nativas sem ferrão (meliponicultura), criação animal e agricultura.
Centro Vocacional Tecnológico
Os cerca de 20 participantes são alunos do Centro Vocacional Tecnológico (CVT), unidade de ensino profissionalizante do Instituto Mamirauá que promove capacitação e aperfeiçoamento técnico a jovens produtores rurais que atuam em sistemas ligados ao manejo de recursos naturais da Amazônia.
O projeto é desenvolvido em duas etapas: no primeiro ano, os jovens participam de aulas formais e atividades de campo acompanhando técnicos e pesquisadores da organização. No segundo, o grupo coloca em prática, junto às respectivas comunidades e associações, algum projeto elaborado durante a primeira etapa.
De acordo com gestor do programa, Sandro Regatieri, esse tipo de atividade prática desenvolvida é uma das principais bases do programa. "Faz o estudante interagir com o que ele aprendeu na teoria e tornar o conhecimento algo palpável. Ele pode se identificar melhor com a realidade dele e assimilar de forma efetiva o que foi aprendido em sala de aula", afirma.
Novas possibilidades de renda
A técnica do Programa de Manejo de Agroecossistemas Jerusa Cariaga explica que os alunos puderam entender novas formas de aprimorar ou ainda iniciar a criação de animais em suas comunidades.
"Eles são mais pescadores e agricultores. Por isso, relataram a necessidade de maior entendimento da metodologia de produção animal. Quando mostramos em campo, eles puderam entender os processos de modo que consigam adaptar às realidades das comunidades de cada um", conta.
Para a técnica, os conhecimentos repassados possibilitam aos alunos implementar novas formas de produção nas comunidades ribeirinhas, que terão renda e segurança alimentar incrementadas.
"Essa diversificação garante segurança alimentar e soberania das comunidades, tão afastadas dos grandes centros comerciais. É necessário garantir outras fontes de alimento para que eles não fiquem tão dependentes da farinha e da pesca. Além disso, também conversamos com eles sobre novas formas de acesso ao mercado para melhoria de renda", diz.
Construção de currais, manejo de aves como galinhas e patos, apresentação de novas espécies agrÃcolas, qualidade do solo e adubação foram alguns dos temas tratados no dia de campo. As técnicas ensinadas, de acordo com Jerusa, mostram que é possÃvel produzir de forma eficiente a baixo custo.
Em uma das atividades, foi ensinado como ‘calcular’ a quantidade de microorganismos e, consequentemente, a fertilidade do solo. O processo é feito utilizando apenas água oxigenada. "Os solos são retirados e é adicionada um pouco da água oxigenada. Em seguida, observamos a quantidade de espuma produzida. Quanto mais espuma tiver, mais microorganismos estão presentes", explica.
As experiências dos estudantes nas comunidades também foram questões levantadas. "Eles relataram, por exemplo, que o milho só pegava na região de praia, mas não sabiam os motivos". Os ministrantes elucidaram dúvidas e deram dicas de produção.
Os alunos também realizaram o plantio de cerca de 50 mudas de andiroba (Carapa guianensis). Parte delas será transferida para o CVT, onde será observado o desenvolvimento das plantas.
O projeto foi possÃvel graças ao apoio da Fundação Gordon e Betty Moore.
Texto: Júlia de Freitas
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