"Sou apaixonado pela natureza"

Publicado em: 17 de novembro de 2017

"Sou apaixonado pela natureza", expressa o agricultor Jezuy Tavares Monhoes, ao falar da vida na comunidade Boa Esperança, dos projetos e dos sonhos, sejam eles coletivos ou individuais, ou seja, para a comunidade ou para sua família. Para ele, que mora a vida toda às margens do Lago Amanã, a agricultura está em primeiro lugar, pois dela ele tira o sustento da família e, quando vende o produto, ajuda na alimentação dos "brasileiros". Com assessoria técnica do Instituto Mamirauá, ele vem aprimorando a "receita" para melhorar as técnicas de plantio: "Agricultor não tem receita, mas deveria ter. Com ajuda dos técnicos, a gente vai correndo atrás, fazendo experimentos e melhorando a roça. Com o conhecimento técnico, e o nosso, a gente vai aprimorando a receita. E, assim, fazer experimento, plantar coisa nova, fazer muda nova".

Jezuy, como vários outros agricultores da região, está em busca do manejo que reduza o uso do fogo para o plantio. Ao empregar o fogo para manejar "roças", o trabalho acaba sendo mais rápido, mas o solo pode ficar empobrecido caso não deixe a terra descansar entre os períodos de plantios. "A diferença é porque o trabalho com o fogo é mais rápido. Exige mais mão de obra quando a roça é feita sem queimar. Mas, em compensação, enriquece o solo, porque a terra não queima, o adubo natural não se perde".

Outro benefício da implantação da Unidade de Beneficiamento de Polpa de Fruta na comunidade Boa Esperança foi a instalação de um sistema de abastecimento de água. "Foi outro sonho realizado", afirma com entusiasmo. Instalado por técnicos do Programa Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá, o sistema beneficia todas as residências com um sistema de captação de água da chuva e de poço artesiano. Antes, a rotina para ter água em casa exigia ir à beira do lago para fazer atividades domésticas ou para levar água em baldes para as residências. "Todo mundo ficou animado. Melhorou bastante, e agora estamos fazendo banheiro, fazendo fossa, ajeitando o banheirinho, né?", aponta.

Na agricultura, no contato com os técnicos, no dia a dia, Jezuy vê uma oportunidade de melhorar a organização da comunidade: "O que me motiva é estar organizado. Você não tem nada, mas se você é uma pessoa organizada, acho que você tem tudo. Assim, você tem força, força para lutar junto, em qualquer lugar. Se você estiver junto, unido, você vence. Então, o que mais me motiva é isso, lutar por organização, pela comunidade, por esse setor, porque é onde a gente vive. Não é só para mim, eu também preciso deixar alguém no meu lugar, tem os meus filhos, tem minha família. Tenho certeza de que eles vão sobreviver aqui na nossa terra também".

Texto originalmente produzido para o livro "Protagonistas: relatos de conservação do Oeste da Amazônia", que pode ser baixado em mamiraua.org.br/protagonistas. Desenvolvido no âmbito do projeto "Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação" (BioREC) e conta com recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Texto: Eunice Venturi

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