Instituto Mamirauá instala sistema de água em comunidades ribeirinhas do Amazonas

Publicado em:  7 de dezembro de 2022

Caburini, Sitio Fortaleza, Nova Colômbia e Várzea Alegre já receberam a tecnologia que deve trazer melhoria da saúde e bem-estar para famílias

Escassez de água, por terem apenas pequenos reservatórios para armazenamento da água da chuva, e muito esforço físico para carregar água do rio (o percurso chega a 600 metros na seca) são algumas das dificuldades que as comunidades ribeirinhas enfrentam na Amazônia. Mas o trabalho do Programa de Qualidade de Vida (PQV), do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) tem apresentado soluções para esse sofrimento. O projeto “Arranjo de Tecnologias Sociais para Abastecimento de Água para comunidades ribeirinhas da Amazônia”, iniciativa que recebe investimento social do Fundação Banco do Brasil, por meio do desafio "Transforma!", de Tecnologias Sociais, vem mostrando resultados que impactam de maneira positiva a rotina dos comunitários.

Desde de junho 2021 já foram instalados quatro "Sistemas De Bombeamento e Abastecimento de Água com Energia Solar". Cinco comunidades também irão receber a instalação de 120 "Filtros Ecológicos Alternativos" e "Sodis – Desinfecção Solar da Água”, beneficiando 110 famílias e cinco escolas da região cumprindo assim o objetivo de melhorar o acesso à água em comunidades ribeirinhas na região do Médio Solimões (Amazônia Central) por meio do uso de tecnologias sociais de abastecimento e tratamento de água.

 “O projeto é importante para melhorar o bem-estar das famílias, em primeiro lugar, mas também para demonstrar para os gestores públicos que há alternativas para o saneamento básico nas comunidades de várzea, adaptado para alagamentos e secas”, explica Maria Cecília Gomes, coordenadora do PQV.  “Com o arranjo de tecnologias é possível ter água em quantidade adequada para as necessidades das famílias e com a qualidade necessária para a ingestão".

Um dos diferenciais deste arranjo é o uso da energia solar para o bombeamento, que é uma fonte renovável e acessível, apesar de pouco difundida na região. A qualidade da água filtrada é um dos indicadores do projeto e o uso dos filtros domiciliares de vela estão sendo acompanhados por uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Mamirauá e Universidade Federal de Minas Gerais.

“Os resultados têm sido registrados e apresentados às comunidades por meio do Boletim da Água, uma publicação elaborada pelo projeto para comunicação com as comunidades beneficiadas e parceiros”, conta Maria Cecília.

Em 2023 será realizada mais uma oficina educativa além das dez que já foram realizadas com moradores e estudantes para montagem de filtros de vela (também chamados de Filtros Ecológicos Alternativos). Nas oficinas, cerca de 100 filtros já foram montados e estão sendo utilizados pelos moradores. 

“Esses momentos também serviram para sensibilização sobre a relação entre água de saúde. Os moradores receberam informações sobre indicadores de qualidade da água, características dos microrganismos causadores de doenças de veiculação hídrica e a diferença entre as técnicas de tratamento domiciliar de água”, afirma a coordenadora.


Foto: Tatiane Ribeiro
Foto: Tatiane Ribeiro

Participação das prefeituras

A comunidade Caburini é geograficamente considerada do município Maraã (AM), mas é atendida pelo município Alvarães (AM), por estar muito próximo à sede deste município.  Localizada no encontro das águas dos rios Solimões e Japurá, foi a primeira a receber o sistema pois a comunidade e o prefeito Lucenildo Macedo demonstraram muito interesse e engajamento no projeto, disponibilizando de forma rápida as contrapartidas necessárias para as obras. A prefeitura fez a doação de um reservatório de 5 mil litros e a comunidade doou as peças de madeira e sua dedicação na construção. 

No dia da inauguração, 8 de outubro de 2022, a comunidade propôs e organizou uma cerimônia com a participação de representantes do Instituto Mamirauá, prefeitura e outras instituições. A faixa foi cortada pelo patriarca da comunidade Sr. Raimundo de Oliveira e pelo presidente Ronivon Brandão.

“A sensibilização dos gestores públicos para o compromisso com a gestão participativa do Sistema de Abastecimento de Água também é uma ação sendo desenvolvida pelo projeto”, frisa Maria Cecília. Em 2022 foi realizado o I Seminário de Gestão da Água, onde comunidades e representantes de instituições discutiram o tema. Nos próximos meses, os acordos serão desenvolvidos junto aos municípios participantes.

As mudanças para as comunidades serão acompanhadas até o final do projeto, mas a equipe responsável já espera que haja melhoria da saúde e bem-estar pela maior disponibilidade de água para higiene pessoal e consumo de água tratada. A aquisição de novos reservatórios de água e instalação de torneiras, chuveiros, máquinas de lavar roupa e melhoria da qualidade da água de consumo são transformações esperadas após as instalações.


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Mqup8LYHet8 

Texto: Tatiane Ribeiro


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