O Instituto Mamirauá nasce a partir da pesquisa pioneira conduzida pelo cientista José Márcio Ayres na década de 1980, dedicada ao estudo da espécie de primata Uacari (Cacajao calvus). Esta pesquisa não apenas estimulou a criação da primeira unidade de conservação de uso sustentável do Brasil, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, como também foi o ensejo para a criação da maior instituição científica imersa no interior da Amazônia.
Fundado em 1999, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é um centro brasileiro de excelência em pesquisa científica aplicada vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Destaca-se por singularidades que o diferenciam no cenário mundial de outros institutos de pesquisa, começando por sua sede localizada no município de Tefé, no coração da Amazônia, a centenas de quilômetros dos grandes centros urbanos. A pesquisa e extensão se concentram nas florestas alagáveis, onde a abundância de recursos naturais garante a manutenção dos modos de vida das populações tradicionais.
Com cerca de 400 colaboradores, entre pesquisadores e técnicos, o Instituto Mamirauá constrói conhecimento para subsidiar a implementação de seus projetos que têm por objetivo principal proteger a biodiversidade e fortalecer o uso sustentável dos recursos naturais pelas comunidades ribeirinhas e povos indígenas, desenvolvendo protocolos de manejo, tecnologias e soluções para a conservação fundamentadas em ciência e em sinergia com o conhecimento tradicional. Suas áreas de atuação abrangem diversas disciplinas das ciências naturais e sociais, desde a pesquisa em saúde, na interação entre humanos, animais silvestres e domésticos, antropologia, manejo da biodiversidade, geociências, até as pesquisas nos sítios arqueológicos do Médio Solimões, a fim de recuperar a organização social, a história e toda a herança ancestral da região.
O projeto pioneiro de Manejo Sustentável do Pirarucu, que completará 25 anos em 2024, simboliza parte importante da trajetória do Instituto Mamirauá e é uma referência global em estratégias de conservação da biodiversidade e desenvolvimento social. Esta iniciativa, elaborada em resposta ao declínio alarmante das populações de pirarucu devido à sobrepesca, com risco de extinção da espécie, integrou conhecimentos científicos e tradicionais, resultando em um aumento de 620% das populações de pirarucus em áreas de manejo assessoradas pelo Instituto Mamirauá. Nessas áreas, o tamanho médio da espécie pescada saltou para 1,78m e as comunidades manejadoras foram beneficiadas com a sua base de alimentação garantida e com o acumulado de mais de R$40 milhões em renda desde o início do manejo da espécie.
Atuando na linha de frente da pesquisa aplicada na Amazônia, o Instituto Mamirauá expandiu a sua presença para 36 áreas protegidas, com mais de 130 projetos de pesquisa e cerca de 80 ações sendo implementadas na ponta, que contribuem para a conservação da natureza e o bem-estar das comunidades ribeirinhas. Mais de 150.000 pessoas já foram diretamente beneficiadas por suas iniciativas. Para 2026, o Instituto continuará expandindo sua área de atuação e diversificando seus projetos, incluindo restauração florestal, ampliação do monitoramento da biodiversidade através de inteligência artificial (Projeto Providence), fortalecimento da cadeia produtiva do açaí, desenvolvimento de tecnologias sociais e pesquisas sobre mudanças climáticas.