Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

A veterinária do Instituto Mamirauá, Paula Araujo, está entre os 27 jovens vencedores do Green Talents. O concurso é promovido anualmente, desde 2009, pelo Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha. Entre os dias 17 e 31, Paula está nas cidades de Dusseldorf e  Berlim para participar de um fórum internacional sobre desenvolvimento sustentável, onde será realizada a cerimônia de premiação.

As candidaturas foram avaliadas por um júri de especialistas em sustentabilidade, atuantes na indústria, em pesquisa científica e representantes da sociedade civil. A participação no Fórum é a primeira etapa do prêmio. Durante duas semanas, Paula participa do evento, onde terá a oportunidade de conhecer instituições de pesquisa e empresas que atuam na área de desenvolvimento sustentável na Alemanha e acompanhar um workshop sobre pesquisa científica e financiamento, além de apresentar o seu trabalho pessoalmente para três especialistas de sua área de atuação, escolhidos por ela. A segunda etapa do prêmio é um intercâmbio de três meses em uma instituição de pesquisa, que será escolhida pela vencedora. O intercâmbio acontecerá em 2016. Todos os custos das viagens estão inclusos na premiação.

Paula comentou que o país é referência no desenvolvimento de ações de sustentabilidade. "Além da oportunidade de conhecimento para minha pesquisa, será um aprendizado como cidadã, poder ver que existem alternativas para trabalhar com mais eficiência e se preocupando com o melhor uso dos recursos naturais", afirmou.

Paula trabalha há três anos no Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, como técnica do Programa de Manejo de Agroecossistemas. Atualmente, a veterinária desenvolve uma pesquisa para identificar e conhecer as características das plantas mais utilizadas na alimentação do gado, pelos produtores familiares de bovinos e bubalinos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (AM).

O evento vai reunir 27 jovens pesquisadores de diferentes áreas de atuação e de várias partes do mundo. De acordo com Paula, será uma boa oportunidade para troca de experiências, e afirma que espera levar conhecimento para compartilhar com os demais vencedores. "Quero mostrar a importância de se ter um olhar holístico, o que a agroecologia preconiza. Considerando, para a realização da pesquisa, os fatores ambientais, humanos, o contexto social e econômico, as legislações, e, no caso do meu trabalho, o contexto de unidade de conservação. Essa visão global é o que realmente tem de especial e que eu gostaria de contribuir", ressaltou.

Paula é carioca, tem 29 anos, e está cursando mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Agricultura Orgânica (PPGAO), que é desenvolvido em parceria pela Universidade Rural do Rio de Janeiro e a Embrapa Agrobiologia.  A veterinária conta que a oportunidade de sair do Rio de Janeiro para trabalhar na Amazônia tem sido um desafio. "Para mim, viver na Amazônia é uma opção de vida. É uma grande oportunidade, não é todo mundo que tem a chance de viver aqui, conhecer as pessoas, os costumes, e tentar contribuir de alguma forma para as demandas da região. É um desafio e uma oportunidade", contou.

De acordo com a veterinária, os colegas de trabalho contribuem para o desenvolvimento de sua pesquisa e por isso, valoriza a oportunidade de conviver com pesquisadores e técnicos de diferentes áreas de atuação, como biologia, antropologia, tecnologias sociais, entre outras. "A convivência com essa diversidade de profissionais de tantas áreas, no Instituto Mamirauá, me traz a oportunidade de romper essa visão específica e levar em conta a visão global, que é o diferencial da minha pesquisa", disse.

"O Instituto me ajudou muito e a gente ainda pode colocar o aprendizado em prática, em campo, aprender com as comunidades, aprender com os costumes deles, vivenciar na prática. Isso, por si só, é um crescimento profissional e pessoal muito grande", completou Paula.

Texto: Amanda Lelis