Tecnologias sociais do Instituto Mamirauá estão entre os destaques de cartilha do WWF-Brasil

Publicado em: 26 de abril de 2017

Iniciativa contém informações sobre tecnologias, custos e financiamentos para moradores de comunidades isoladas. Lançamento será nesta quinta-feira (27), no estado do Amazonas

Falta de luz, de água potável, poucas horas de energia elétrica por dia e a impossibilidade de congelar alimentos para conservação. Essa é a realidade  para milhares de moradores de comunidades ribeirinhas, distantes em muitos quilômetros de centros urbanos. Pensando em soluções para esses problemas, o Instituto Mamirauá desenvolve tecnologias sociais, que vão ganhar mais um meio de serem compartilhadas com a cartilha "Usos de Sistemas Energéticos com Fontes Renováveis em Regiões Isoladas".

A publicação é uma iniciativa do WWF-Brasil em parceria com o Instituto Mamirauá, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Conselho Nacional das Populações Extrativistas e Usinazul da Universidade de São Paulo (USP). A cartilha é dedicada a quem vive em comunidades remotas e traz alternativas viáveis usar fontes renováveis de energia, com foco na qualidade de vida das pessoas, aliada à conservação da natureza. O lançamento do material, que terá tiragem inicial de cerca de 10 mil exemplares, acontecerá na próxima quinta-feira (27), no município de Lábrea, estado do Amazonas.

Água, luz e alimento: tecnologiais para a sociedade

Na publicação, o público encontra a apresentação de cinco tecnologiais sociais desenvolvidas pelo Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Que são os "Sistemas de captação de água de chuva"; os "Sistemas fotovoltaicos de bombeamento de água em comunidade da várzea"; a "Máquina de Gelo Solar" (Conservação de alimentos); os "Fogões e fornos melhorados - eco fogões e eco fornos (Cocção de alimentos)" e os "Sistemas fotovoltaicos autônomos para ambiente domiciliar (Geração de energia)".

Como as demais experiências presentes na cartilha, as tecnologias sociais assinadas pelo Instituto Mamirauá foram testadas e passaram pela aprovação das populações isoladas, que atuam como parceiras dos projetos. É o caso do sistema de bombeamento de água movido por energia solar fotovoltaica, usado por comunidades das Reservas Amanã e Mamirauá, no Amazonas. O reconhecimento também vem de outras fontes: em 2012, o projeto foi vencedor do Prêmio Finep de Inovação, promovido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

"A parceria com o WWF para as cartilhas traduz um sentimento de empoderar as comunidades, sejam elas na Amazônia ou não. Empoderar com o conhecimento, apresentar o que é a tecnologia, como ela funciona, o direcionamento dela", afirma Dávila Corrêa, coordenadora do Programa de Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A cartilha também traz especificações técnicas, custos médios para cada tipo de aplicação e tamanhos de sistemas e fontes de financiamento já disponíveis no Brasil.

Alessandra Mathyas, analista de conservação do WWF-Brasil declara que "as ações desenvolvidas pelo Instituto Mamirauá, com projetos testados e validades com a comunidade, inspiraram a realização desta publicação, para que toda população amazônica saiba que energia renovável pode sim ser aplicada nos mais diversos usos diários, para o melhoramento da produção e bem estar social".

O WWF-Brasil também preparou uma versão digital da cartilha, que pode ser baixada gratuitamente no site da organização não-governamental.

Capacitação

Como informa o WWF-Brasil, a ideia da cartilha surgiu a partir de uma lacuna de informações em energia sustentáveis, uma demanda constante de entidades representativas de trabalhadores extrativistas. Por isso, o público do lançamento serão os povos das Reservas Extrativistas (Resex) do Médio Purus, Ituxí e Arapixi, no Amazonas. A proposta da organização não-governamental é incentivar a realização de algumas das tecnologias apresentadas na cartilha dentro das comunidades de cada Resex.

O plano do WWF se alinha com o objetivo do Instituto Mamirauá de expandir as iniciativas de suas tecnologias sociais para outras regiões. As instituições planejam capacitações para os moradores das três Reservas Extrativistas, como oficinas sobre sistemas solares fotovoltaicos. A previsão é que as oficinas aconteçam ainda no primeiro semestre de 2017.

Texto: João Cunha

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