Saneamento de escolas públicas de Tefé (AM) é tema de pesquisa do Instituto Mamirauá

Publicado em: 22 de maio de 2015

As crianças têm direto à educação, à segurança e à saúde. Partindo desses preceitos, o Instituto Mamirauá desenvolve pesquisa para fornecer um diagnóstico de saneamento nas escolas da cidade de Tefé.  Condições apropriadas de sanidade garantem um ambiente de aprendizado agradável e saudável. Além disso, a educação para a higiene contribui para tornar as crianças em agentes transformadores de toda a comunidade.

"Segundo a Unicef, a escola tem que ter sanitários separados para funcionários, meninos e meninas, tem que ter água tratada e higiene. E no currículo escolar eles devem trabalhar sobre esse tema. A falta de saneamento na escola e de água tratada causam doenças como diarreia, pneumonia, anemia ou verminoses", afirma Andreza Nunes, bolsista do Programa de Iniciação Científica do Instituto Mamirauá. A estratégia Wash (sigla para Water, Sanitation and Hygiene), promovida pela Unicef, visa criar diretrizes apropriadas sobre higiene e consumo de água para as crianças.

Em Tefé, os dados começaram a ser coletados nas escolas em novembro de 2014. "Primeiro foi feito um questionário com 24 perguntas, com os funcionários das escolas. Entrevistei tanto a diretora, quanto os vigias, merendeiras, professoras, para variar as opiniões e percepções. Depois eu observava os banheiros, a cozinha, a maneira como as merendeiras preparam a alimentação das crianças", ressalta a bolsista.

O projeto prevê a visita a 20 escolas, tanto da zona urbana quanto da zona rural do município. O objetivo é ter dados suficientes para comparar as condições em diferentes escolas. Até o momento, oito escolas da cidade foram visitadas. Quatro eram escolas municipais, que atendem de 200 a 400 alunos, e quatro eram estaduais, onde são atendidos em média 400 a 700 alunos.

Os banheiros são focos constantes de problemas. "Encontrei muitos sanitários e pias que não estavam funcionando. Em alguns casos, no banheiro dos meninos, não dava nem para entrar, por causa do odor muito ruim", afirma Andreza.  Algumas escolas tem uma estrutura bastante antiga. Isso requer trabalhos de manutenção constantes, que dependem do repasse de verbas, muitas vezes moroso.

Em relação à alimentação, Andreza visitou as despensas das escolas, para avaliar o acondicionamento e a validade dos produtos utilizados na merenda escolar. "Na hora que estavam preparando a alimentação, algumas merendeiras não utilizavam touca, luva. Em algumas escolas a merendeira, além de preparar a merenda, também trabalha como serviços gerais, limpa a escola e o banheiro. Essas funções deveriam ser separadas", comenta a bolsista.

A qualidade da água foi avaliada com análises de amostras coletadas em alguns pontos das escolas, como os bebedouros. "Somente em uma escola municipal e em uma escola estadual têm purificadores de água. As restantes não fazem tratamento de água com cloro. Em algumas análises que fizemos foram encontrados coliformes, tanto totais quanto fecais, o que indica água contaminada. Agora pensamos em fazer essa análise também diretamente nos poços, para sabermos onde está o foco de contaminação", projeta Andreza.

A falta de condições de saneamento nas escolas acaba prejudicando as crianças em sua capacidade de desenvolvimento físico e intelectual. "Em geral, o que foi concluído até o momento, é que as escolas não estão oferecendo uma estrutura adequada para os alunos. A quantidade de banheiros, em cada escola, é pequena, não é feito o tratamento de água. Na parte da comida o problema visto foi a falta de uso de avental, touca e luva. Todas as escolas apresentaram algum problema em relação às condições de saneamento", afirma a bolsista.

Esse diagnóstico fornecerá dados gerais sobre o ambiente das escolas, podendo estimular polí­ticas públicas mais eficientes. Mas a ideia do projeto é também "despertar o interesse dos alunos e gestores. Vamos levar para as escolas os resultados, porque muitas vezes as pessoas não observam o que está ali. Queremos oferecer um seminário para os alunos observarem como que está a infraestrutura da escola", conclui Andreza.  

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica é desenvolvido pelo Instituto Mamirauá com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Texto: Vanessa Eyng

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