Dona Raimunda: conheça a primeira mulher certificada como contadora de pirarucu

Publicado em: 14 de março de 2023

As mulheres vêm se destacando na atividade; atualmente são 56 contadoras de pirarucu capacitadas pelo Instituto Mamirauá

        Dona Raimunda, moradora da comunidade Paraíso, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amaña (RDSA), fez história ao se tornar a primeira mulher contadora de pirarucu certificada em 17 anos. Raimunda sempre trabalhou com pesca artesanal e, atualmente, é uma das principais coordenadoras do Acordo de Pesca Seringa, assessorado pelo Programa de Manejo de Pesca do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM).

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       Mãe de quatro filhos, Dona Raimunda sempre demonstrou preocupação com o futuro das próximas gerações e de toda a sociobiodiversidade da Amazônia, como explica Brenda de Meireles, analista de pesquisa e desenvolvimento do Programa de Manejo e Pesca (PMP), do Instituto Mamirauá. “Dona Rai sempre esteve contribuindo nos projetos do IDSM de conservação dos recursos naturais da reserva, ela é muito ativa em reuniões, vigilância e diversas outras atividades”, afirma Brenda.

Em 2017, Dona Raimunda participou do Curso de Aplicação da Metodologia de Contagem de Pirarucu (Arapaima gigas) e, desde então, seguiu na contagem de um dos maiores peixes de águas doces fluviais do Brasil. Em 2022, a pescadora artesanal foi aprovada e conseguiu a Certificação de Contadores de Pirarucu na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e se tornou a primeira mulher contadora do peixe amazônico em 17 anos.

O contador de pirarucu

       Contar pirarucus é um saber tradicional de pescadores na Amazônia que foi integrado à metodologia cientí­fica do manejo, desenvolvida pelo Instituto Mamirauá. É a contagem que fornece a quantidade de pirarucus que existem em cada lago de pesca. Esse dado vai determinar a cota anual de pescado a ser capturado e vendido, sem prejudicar a população dos peixes.

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       Em 1996, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) proibiu qualquer tipo de captura e venda de pirarucu. A pesca tornou-se permitida somente através do manejo sustentável supervisionado, em áreas onde houvesse o acordo de pesca ou dentro de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Já em 2004, a metodologia de contagem de pirarucu foi validada. A partir disso, ela passou a ser disseminada na região amazônica e desde então, passou a ser utilizada pelo IBAMA para subsidiar autorizações de quotas de pirarucu a serem capturados anualmente.

      Desta forma, o trabalho do contador de pirarucu se coloca como fundamental para garantir uma cota segura para o abate do peixe nos ambientes de manejo. Resultado da união da ciência e do conhecimento tradicional dos povos ribeirinhos, a técnica de contagem do pirarucu, que já existe há muito tempo,  é um instrumento importante para manter o manejo e preservar as espécies naturais. 

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O protagonismo das mulheres na contagem

      As mulheres têm ocupado cada vez mais espaço nas mais diversas áreas de atuação que envolvem o manejo, na contagem, não é diferente. Atualmente são 56 contadoras de pirarucu capacitadas pelo Instituto Mamirauá, número que cresce a cada nova capacitação e certificação. Reinaldo Marinho, que também atua no Programa de Manejo e Pesca do Instituto, destaca o papel fundamental dessas mulheres neste trabalho. “As mulheres vêm se destacando na atividade, e estão cada vez mais participando e buscando se aperfeiçoar. A atuação das contadoras nos coletivos de manejo é de extrema importância, pois, capacitadas e comprometidas com o processo, colaboram com a conservação do pirarucu”, afirma.

     Dona Raimunda representa uma série de mulheres que atuam na contagem de pirarucu e, com a certificação, mostra como as  mulheres também são protagonistas neste trabalho tão importante para o manejo da espécie.

Texto: Nayá Tawane

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