Na SBPC, Instituto Mamirauá apresenta tecnologia de monitoramento para a Amazônia

Publicado em: 24 de julho de 2019

O pesquisador Emiliano Esterci Ramalho, diretor técnico-cientí­fico do Instituto Mamirauá, apresentou ontem (23) em Campo Grande (MS), o projeto Providence, uma nova tecnologia de monitoramento da biodiversidade em tempo real. "O objetivo do projeto é criar uma ferramenta que permita monitorar eficientemente a biodiversidade na Amazônia, prever impactos e sensibilizar a sociedade", afirmou o pesquisador. 

A apresentação ocorreu na Avenida da Ciência, espaço de exposições organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), durante a 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se estenderá até sábado (27).

O projeto Providence utiliza tecnologia de ponta para detectar, identificar espécies e monitorar a fauna na Amazônia, lar da maior floresta topical do mundo. "Nossa expectativa é que o Providence se torne um "big brother" da floresta, e que as informações possam ser compartilhadas com a sociedade, visando aproximá-las do que está acontecendo com a Amazônia. A ideia é de que também seja usado para fins didáticos em escolas e subsidie dissertações de mestrado e teses de doutorado", explica Emiliano.

A tecnologia utiliza as imagens e os sons produzidos pelos animais na mata para identificar automaticamente as espécies. Em seguida, essas informações são transmitidas em tempo real para os pesquisadores. Com uma rede de câmeras e microfones escondidos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a 600 quilômetros de Manaus, o projeto está automatizando o processo de monitoramento da fauna brasileira e identificando as espécies por conta própria, em tempo real. 


O pesquisador Emiliano Ramalho, durante apresentação na SBPC. Foto Neila Rocha /MCTIC

Atualmente, a maior parte do monitoramento de fauna depende de trabalhos de campo em que os cientistas percorrem o local realizando registros. Em outras situações, são deixadas armadilhas fotográficas com sensores de movimento, que fazem fotos ou ví­deos de animais que passam diante dela. No caso do projeto Providence, os módulos instalados não apenas registram a imagem e o som do animal como também identificam a espécie através de um software. 

As câmeras são alimentadas por energia solar e os dados enviados em tempo real para os pesquisadores via satélite. Na primeira etapa do projeto, o sistema foi instalado em dez módulos de ví­deo e áudio terrestres e era capaz de identificar 40 espécies, incluindo aves, mamí­feros e répteis. "Nossa ideia é que até o ano que vem o sistema já identifique cerca de 100 espécies", afirmou Emiliano. A identificação era feita visualmente e também através dos sons que animais produzem como o canto de uma arara ou o urro de um macaco. Um módulo aquático também foi instalado no rio Amanã para a identificação acústica de botos.

O projeto é financiado pela Fundação Betty e Gordon Moore e executado pelo Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a Csiro, agência de pesquisa do governo da Austrália (que inventou o WiFi) e o Laboratório de Bioacústica Aplicada (LAB) da Universidade Politécnica da Catalunha. 

Texto: Eunice Venturi


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