Modelo de estrutura flutuante para o manejo de jacaré funcionará com energia solar

Publicado em:  3 de agosto de 2017

Sistema de energia solar é mais uma das inovações da Plantar, projeto do Instituto Mamirauá, uma estrutura pioneira para o manejo participativo de jacarés

Manhã de céu azul e sol à vista em Tefé. São apenas dez horas de uma quarta-feira de julho e os termômetros marcam 31ºC, com sensação térmica ainda maior para os técnicos do Instituto Mamirauá. Em cima do telhado, eles instalam módulos solares da futura Planta de Abate Remoto (Plantar). Clima ideal para geração de energia solar, a fonte renovável e limpa que abastecerá a Plantar, o primeiro modelo de estrutura flutuante para manejo participativo de jacarés, em desenvolvimento no Amazonas.

A Plantar será uma estrutura flutuante de metal, de 112 metros², para o manejo de jacarés com o envolvimento de populações tradicionais. A atividade possui autorização legal no estado, mas ainda é pouco desenvolvida e carece de um modelo padrão de estrutura flutuante para o abate do animal. Suprir essa falta, em ordem com a legislação e critérios sanitários e adicionando métodos para a sustentabilidade ambiental, é uma das metas da Planta de Abate Remoto.

Ter um sistema de energia solar é uma parte crucial do projeto, como explica o pesquisador do Grupo de Pesquisas em Inovação, Desenvolvimento e Tecnologias Sustentáveis do Instituto Mamirauá, João Paulo Borges Pedro. "O sistema solar servirá para gerar energia para a estrutura da Plantar, incluindo a máquina compressora e a lavadora de alta pressão, usadas no pré-beneficiamento dos jacarés, além da iluminação interna e de segurança da estrutura".

De acordo com o pesquisador, a escolha pela energia solar é baseada na redução de lançamento de gases nocivos à atmosfera porque "evita uso de combustíveis fósseis. Não vamos usar geradores queimando diesel, gasolina, por exemplo". João Paulo informa que, em agosto, será concluída a instalação elétrica geral na Plantar, com inclusão de tomadas e lâmpadas no flutuante.

O sistema solar

Otacílio Brito é técnico do Programa de Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá e fez parte da equipe que, durante três dias, instalou o sistema de energia solar na Planta de Abate Remoto (Plantar). Ele contou como está montada a estrutura. "No telhado do flutuante, foram instalados 24 módulos de 140 Watts. A ligação vai ser feita em 24 volts para alimentar a estrutura da Plantar" Os módulos ou placas solares são peças usadas para converter energia da luz do Sol em energia elétrica. "Cada um deles mede 1,5m por 0,67 cm", disse Otacílio.

"Normalmente, instalamos os aparelhos solares voltados para o Norte, que é a posição que tem a maior insolação", complementa o também técnico do Instituto Mamirauá, Felipe Jacob Pires. "Como ainda não sabemos onde o flutuante vai ficar exatamente, dentro ou próximo à comunidade, instalamos os módulos em uma lateral. A partir do momento que o flutuante for disposto, os painéis serão apontados nessa direção e, assim, teremos maior insolação e maior captação de energia".

Manejo na comunidade Jarauá

Depois de concluída, a Planta de Abate Remoto será transportada da cidade de Tefé até à comunidade Jarauá, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, onde será feito o primeiro manejo participativo de jacarés nesta estrutura, previsto para 2018. A comunidade e o setor político na reserva, de mesmo nome, tem experiência no manejo do animal.

O Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério de Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) contribuiu com dados de pesquisa sobre a biologia e ecologia de duas espécies que ocorrem na região: o jacaré-açu e o jacaretinga. A partir de 2008, o Instituto passou a colaborar com o Governo do Estado para o acompanhamento da aplicação dos critérios técnicos, junto às comunidades que realizaram a atividade.

Planta de Abate Remoto é uma ação financiada pela Fundação Gordon and Betty Moore.

Texto: João Cunha

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