Instituto Mamirauá realiza primeira captura de macacos-de-cheiro na Amazônia

Publicado em: 28 de novembro de 2012

             28/11/2012 - Pesquisadores do Instituto Mamirauá e do Laboratório de Biotecnologia e Medicina de Animais Silvestres da Amazônia da Universidade Federal do Pará capturaram, na última semana, 20 macacos-de-cheiro, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. "Foi a primeira captura de primatas deste gênero em vida livre na Amazônia", afirmou a bióloga Fernanda Paim, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres do Instituto Mamirauá.

                Segundo Fernanda, as informações obtidas com as capturas vão gerar dados sobre a biologia da reprodução dos macacos-de-cheiro. Esses dados serão utilizados para a criação de técnicas para a conservação da espécie, que se encontra em risco de perda de habitat, e, consequente, diminuição de sua distribuição geográfica, em decorrência das mudanças climáticas globais.
 
                "A alteração no regime de chuvas e no pulso de alagamento de alguns rios da Amazônia pode causar, em alguns pontos, uma redução das extensões de várzea. Se isso realmente acontecer, algumas espécies que são endêmicas de várzea podem estar correndo sério risco, pois não terão mais disponível um ambiente ao qual elas estão adaptadas", disse o biólogo Helder Queiroz, diretor geral do Instituto Mamirauá.

              Uma das espécies de macaco-de-cheiro capturadas, Saimiri vanzolinii, apresenta a menor distribuição dentre os primatas neotropicais, com apenas 870 km². Por isso, os pesquisadores irão coletar e congelar células reprodutivas da espécie. "O projeto também prevê o estudo de alternativas para realização da fertilização in-vitro (fecundação de óvulos por espermatozoides em laboratório) e a transferência de embrião para mães de aluguel", afirmou Helder.
 
               Os animais capturados foram anestesiados para coleta de material genético (sangue e pelo) e biometria. Foram liberados assim que os veterinários constatavam que estavam totalmente recuperados dos procedimentos. A análise desse material fornecerá informações sobre a genética das populações de macacos-de-cheiro da Reserva Mamirauá. "Saimiri vanzolinii é uma espécie endêmica, com distribuição muito pequena e sobreposta em alguns pontos com a da espécie vizinha (macaco-de-cheiro-comum). Essa análise poderá confirmar a existência de híbridos em vida livre e contribuir para a formulação de novas estratégias de conservação", afirmou Fernanda.
 
                Durante três meses antes da captura, iscas foram usadas para atrair os animais para as estações de captura que continham as armadilhas. "O uso de armadilhas fotográficas permitiu o acompanhamento de quais animais estavam sendo atraídos pelas iscas, bem como a identificação das estações de captura mais utilizadas pelos primatas", afirmou o biólogo Rafael Rabelo, bolsista do Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres do Instituto Mamirauá.
 
                 A equipe da captura foi formada ainda pela bióloga Michele Araujo, do Instituto Mamirauá, e pelos integrantes do Laboratório de Biotecnologia e Medicina de Animais Silvestres da Amazônia, da Universidade Federal do Pará: Sheyla Farhayldes Souza Domingues, Gerson Paulino Lopes, Karol Guimarães Oliveira, Débora Vera da Cruz Almeida e Adriel Behn de Brito.
 
Texto: Eunice Venturi
 
    
Armadilha fotográfica instalada antes da captura registra cena do macaco comendo a banana
(Projeto Saimiri - Instituto Mamirauá/UFPA)

Após a captura, procedimentos veterinários foram realizados. (Fernanda Paim)
 
 
 

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