Instituto Mamirauá realiza cursos que antecedem a pesca manejada de pirarucu
Publicado em: 13 de setembro de 2014
Durante os dias 8, 9 e 10 de setembro, o Instituto Mamirauá promoveu os cursos Metodologia de Contagem de Pirarucu e Monitoramento do Pescado. As atividades ocorreram no setor Aranapu, na Reserva Mamirauá. Essa área faz parte do Acordo de Pesca do Complexo de lagos JutaÃ-Cleto, onde a pesca de pirarucu manejado ocorre desde 2012. Os dois cursos aconteceram simultaneamente.
O primeiro dia de atividades do curso de Metodologia de Contagem de Pirarucu apresentou aos participantes questões teóricas sobre o método de contagem, desenvolvido em 2004 por pesquisadores do Instituto Mamirauá, em parceria com experientes pescadores. No segundo dia as atividades foram práticas. Contadores já certificados nas outras edições do curso e contadores em formação interagiram e discutiram o método, para que no encerramento fosse feita uma contagem. "Os contadores certificados fazem a contagem, os contadores aprendizes também fazem a contagem, sem trocarem entre si os números. Depois comparamos estes dados. A partir daà a gente tira o erro percentual. Se o erro percentual for acima de 30% a gente tem que revisar e praticar mais até que os números se aproximem", conta Ruiter Braga, do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá. A veracidade da contagem é fundamental para a manutenção da população de pirarucus e consequentemente da pesca, já que é a partir deste número que a quota de pesca é estabelecida. De acordo com o resultado das contagens, até 30% dos peixes adultos podem ser pescados.
Esse curso contou com a presença de 30 participantes. Eles vieram de diversas áreas da reserva, onde o manejo é desenvolvido: dois pescadores da Reserva Cuniã, em Porto Velho (RO), dois pescadores da Reserva do Rio Unini (AM), quatro pescadores da Reserva Bua-buá (AM), além de 13 pescadores da Reserva Amanã e nove da Reserva Mamirauá. "O curso de contagem não tem o objetivo de ensinar os pescadores a contar, porque os que são selecionados para fazerem este curso já são pessoas experientes na pesca e no manejo de pirarucu e conhecem o comportamento do peixe. Queremos que eles só venham aprender a parte teórica, além de reforçar o comprometimento com a coleta dessas informações", afirmou Ruiter. Para compartilhar e reforçar a metodologia de contagem também é utilizada uma cartilha produzida pelo Instituto. Este material padroniza o método de contagem e censo populacional de pirarucus.
Já o curso de Monitoramento de Pescado contou com a participação de 11 pessoas, todas elas dos setores JutaÃ-Cleto e Caruara. O monitoramento ocorre durante a pesca e não necessariamente precisa ser realizado pelos pescadores. Os dados coletados são fundamentais, uma vez que "o monitoramento é uma exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ele faz parte da condicionante de autorização de pesca daquele instituto: deve ser feito o monitoramento, a medição e pesagem destes peixes e também a colocação de lacres antes da venda. O objetivo deste curso é capacitar os comunitários para essas atividades", aponta Ruiter.
Assim, as atividades do curso de Monitoramento de Pescado buscam instruir os participantes "sobre o correto preenchimento das fichas de monitoramento, com as várias informações que devem ser coletadas no momento da pesca, desde o local onde o peixe foi capturado, o sexo do peixe, o seu comprimento e o seu peso, o tipo de malha utilizada na pesca. Tudo isso serve de informação para depois avaliar e verificar a estrutura da população de pirarucus, se ela está equilibrada", afirma Ruiter. Estes dados do monitoramento permitem que os mais diversos aspectos que envolvem a pesca manejada sejam registrados. A captura de dados, seguindo padrões, permite também que os dados sejam comparáveis entre diversas áreas, traçando um panorama maior sobre a atividade e seus resultados.
Por Vanessa Eyng
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