Instituições apresentam iniciativas bem-sucedidas de manejo de recursos durante o CBUC
Publicado em: 2 de agosto de 2018
O uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia e seus benefícios para populações tradicionais e para a conservação da floresta foi o tema de uma mesa-redonda realizada ontem, durante o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), em Florianópolis. "A contribuição das cadeias de valor e populações tradicionais para a conservação das UC s" foi organizada pelo Instituto Mamirauá, Instituto Socioambiental (ISA) e Imaflora, e contou com a participação de moradores de unidades de conservação.
Segundo Helder Lima de Queiroz, diretor geral do Instituto Mamirauá, as unidades de conservação na Amazônia estão começando a mudar bastante a sua destinação, que, além de conservação da biodiversidade, elas também estão aumentando a sua importância socioeconômica, o que aumenta o apoio político e social, mas também traz alguns desafios. Durante sua palestra, o pesquisador apresentou um panorama da participação das atividades extrativas vegetais, animais e minerais na economia atual da Amazônia.
Helder defendeu que as modalidades vegetal e animal do extrativismo, executadas dentro de bases sustentáveis e com participação dos povos tradicionais da região, são muito importantes para a sobrevivência desses segmentos, como "a garantia de segurança alimentar e de abrigo para a maior parte da população amazônica, como base da maior parte das práticas culinárias tradicionais, um traço fundamental da cultura, e como base de insumos para várias outras cadeias produtivas importantes na Amazônia", apontou.
Para exemplificar, Helder apresentou a iniciativa de manejo sustentável de pirarucu, que teve início nos anos de 1990 na Amazônia, com pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Mamirauá e apoio das comunidades locais. Convidado especial do "Espaço Amazônia", organizado pela Fundação Moore, o manejador de pirarucu, Raimundo de Oliveira Queiroz, apresentou sua visão sobre a pesca aos participantes da mesa-redonda: "Hoje a conservação do peixe na nossa região é algo bem importante para nós pescadores. Essa parceria nossa com o Instituto Mamirauá tem sido fundamental, pois é do manejo que a gente tira o nosso sustento. Há 20 anos, o ribeirinho saia para pescar e tinha muita dificuldade para capturar o peixe e depois do manejo isso melhorou bastante, não só para o nosso sustento, quando para a nossa qualidade de vida".
Texto: Eunice Venturi e João Cunha
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