Guias de espécies amazônicas são produzidos por pesquisadoras do Instituto Mamirauá

Publicado em:  1 de abril de 2024

No Brasil, é comum que as pessoas reconheçam animais de outros continentes, como os grandes mamíferos africanos, e tenham pouco conhecimento sobre a fauna brasileira e seu papel ecológico. 

Com a proposta de diminuir essa lacuna e divulgar a fauna amazônica, os livros “Animais de Mamirauá” e “Animais de Amanã” lançados pelo Instituto Mamirauá apresentam um catálogo completo das 47 espécies da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e das 62 espécies da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã registradas por armadilhas fotográficas nas reservas. Os livros trazem os nomes populares em português e inglês, taxa de registros, mapa de ocorrência, horário de atividade, características, ameaças, hábitos e ecologia de cada espécie, tudo em linguagem simples e acessível. Os autores esperam que os livros sejam utilizados por guias comunitários e turistas das reservas, por professores e alunos de escolas e comunidades locais e em atividades de educação ambiental. 

A divulgação científica tem um papel importante para informar e engajar a sociedade na conservação da biodiversidade. “Os livros são uma forma de conectar cidadãos à natureza, o que contribui para o engajamento público na proteção da Amazônia”, explica Daniele Barcelos, autora e responsável pelo monitoramento por armadilhas fotográficas de 2019 a 2023. 

© Daniele Barcelos
GP Felinos / Instituto Mamirauá
© Daniele Barcelos
© Daniele Barcelos

O monitoramento por armadilhas fotográficas nas reservas é realizado pelo Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia (GP Felinos), do Instituto Mamirauá. “Após mais de 10 anos de monitoramento, as informações das espécies geraram muitas publicações científicas, mas queríamos fazer algo mais voltado para o público geral”, comenta Emiliano Ramalho, coordenador do GP Felinos e coautor. “A produção de um guia de campo com fotografias das espécies encontradas nas reservas é uma ferramenta para o turismo de base comunitária, além de excelente ferramenta para educação”, conclui.

Um pedido de uma comunitária da Reserva Amanã inspirou a criação das duas novas publicações lançadas pelo Instituto Mamirauá. “Sempre que possível, mostrava os novos registros fotográficos em comunidades da área de estudo. A Juscineia Araújo, ex-professora e então presidenta da comunidade Ubim, me pediu as fotos impressas para trabalharem com os alunos em sala de aula”, conta Daniele.

Surgiu então o projeto PIBIC júnior “Desenvolvendo um guia fotográfico da fauna de vertebrados das RDS Mamirauá e Amanã”, realizado pelo GP Felinos. As imagens das armadilhas fotográficas forneceram o material ilustrativo das espécies, incluindo as de difícil visualização. As bolsistas Maria Eduarda Gomes e Analice Ramos começaram a trabalhar com o banco de dados, que continha cerca de 650 mil imagens. “Montar um guia de espécies é um meio de comunicação com as pessoas. Através dele divulgamos a fauna e atiçamos a curiosidade em saber mais sobre os locais em que os animais vivem, por que eles são importantes, como eles vivem e sobrevivem, entre outras coisas”, comenta Analice, coautora do livro Animais de Amanã.

“Levando o conhecimento da biodiversidade amazônica para a população, podemos contribuir para que, observando a riqueza biológica que vive nela, as pessoas entendam a importância da proteção da natureza, tenham o interesse de ver as belezas que se tem na biodiversidade e queiram se aventurar sendo um cientista cidadão no ambiente natural”, explica Maria Eduarda, coautora do livro Animais de Mamirauá. “Minha experiência com este trabalho ajudou a conhecer e incentivar outras pessoas a descobrir a grande importância da biodiversidade. Após passar por esse processo de conhecimento, levarei adiante e continuarei a engajar na conservação da biodiversidade” declara Maria Eduarda, que é moradora de uma Unidade de Conservação no município de Tefé-AM e pesquisadora júnior no Instituto Mamirauá.

Os guias estão disponíveis em PDF nos seguintes links:

Texto: Daniele Barcelos

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