Expedição faz estimativa de golfinhos na Reserva Piagaçu-Purus

Publicado em: 15 de fevereiro de 2013

Uma expedição composta por cientistas brasileiros e colombianos percorreu, em dezembro, quase 500 km de rios e canais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, localizada na região central do Amazonas. O objetivo da viagem, a bordo de um barco regional adaptado para pesquisas, foi a realização da primeira estimativa de abundância de golfinhos no rio Purus.

De acordo com o biólogo Fernando Trujillo, diretor científico da Fundação Omacha (instituição colombiana de pesquisas sobre mamíferos aquáticos), nos últimos anos, o rio Purus parece ter se tornado um dos principais pontos de caça ilegal de golfinhos, utilizados como isca para a pesca da piracatinga.
Durante a expedição, foram feitos 1640 registros de tucuxi (Sotalia fluviatilis) e 528 de boto vermelho (Inia geoffrensis). "Este valor excede significativamente todas as contagens feitas anteriormente em outros rios da América do Sul, mostrando que o Purus é um ponto local de grande concentração de golfinhos na Amazônia e merece grandes esforços para preservá-los", afirma Trujillo.
A expedição foi possível através de esforço interinstitucional, que reuniu a Fundação Omacha, Instituto Mamirauá (por meio do Projeto Aquavert), Instituto Piagaçu,  Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e WWF, e contou com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental. Esta iniciativa faz parte de um esforço de longo prazo, que começou em 2006 para estimar a abundância de golfinhos nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco, e já capacitou cerca de 160 pesquisadores e guarda-parques em métodos de contagem, em seis países da América do Sul. 
 
Desafios para a conservação
A bióloga Verónica Iriarte, que faz parte do Projeto Aquavert, do Instituto Mamirauá, coordenou a logística da viagem. Ela afirma que a grande quantidade de registros não foi uma surpresa. Para ela, a presença massiva de botos e tucuxis na região se explica pela grande produtividade de peixes e pelo pequeno número de pessoas vivendo na região.
 
O biólogo Alexandre Diogo de Souza, a Associação Amigos do Peixe-boi, destaca que o desafio é manter essas altas densidades de golfinhos e a alta produtividade pesqueira do rio Purus. Segundo Souza, as interações com a atividade pesqueira são as maiores ameaças aos golfinhos amazônicos.
Sannie Brum, bióloga do Instituto Piagaçu, que trabalha há um ano na avaliação de pesca e de caça de golfinhos do rio Purus, observa que a estimativa de abundância lhe permitirá monitorar as populações de golfinhos.
 
por Augusto Rodrigues
Colaboração: Fernando Trujillo

 

Últimas Notícias

Comentários

Receba as novidade em seu e-mail: