Estudo caracteriza sistema respiratório de golfinhos-de-rio
Publicado em: 20 de fevereiro de 2018
Pesquisa no Amazonas registrou pela primeira vez a presença de esfÃncteres mioelásticos em golfinhos-de-rio, orgãos cuja importância ainda está sendo investigada pela ciência
O aparelho respiratório dos golfinhos amazônicos é semelhante ao de outros grupos de mamÃferos aquáticos, incluindo outros cetáceos. O artigo "Posterior respiratory apparatus of Inia geoffrensis and Sotalia fluviatilis: structure and ultrastructure", publicado recentemente no "Internacional Journal of Morphology", traz as caracterÃsticas do sistema respiratório de duas espécies de golfinhos-de-rio: o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e o boto tucuxi (sotalia fluviatilis).
Para realizar a pesquisa, foram analisadas carcaças de golfinhos coletadas no Lago Tefé e na Reserva Mamirauá, no Amazonas. As amostras foram coletadas entre os anos de 1995 e 2015. "O trato respiratório das duas espécies de golfinhos foram analisadas utilizando técnicas macroscópicas e microscópicas", explica o autor do artigo, Luzivaldo Júnior. A pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade Federal do Acre e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.
O estudo identificou "traqueia, brônquio principal, brônquio traqueal e pulmão" no aparato respiratório dos botos estudados. A presença do brônquio traqueal sugere que esses animais possuem facilidade em realizar trocas gasosas."Os botos e tucuxis, diferente dos humanos, possuem brônquio traqueal, uma adaptação anatômica. Esse aparelho ajuda na entrada e saÃda de ar nos pulmões e faz com que eles acumulem mais oxigênio nos pulmões, não exigindo muito tempo de exposição à superfÃcie para respirar", afirma o pesquisador.
A análise revelou ainda a presença de esfÃncteres mioelásticos, registrados pela primeira vez em golfinhos de rio. "Acreditamos que ele seja um órgão que ajude no armazenamento de oxigênio. Será necessário um estudo fisiológico para entender melhor a importância do esfÃncter mioelástico para os cetáceos", ressalta Luzivaldo.
Os resultados da pesquisa apontam que o aparelho respiratório do boto-cor-de-rosa e do boto tucuxi são semelhantes ao de outros grupos de mamÃferos aquáticos. "A presença de brônquios e traqueias, além de facilitar as trocas gasosas, é a principal caracterÃstica que diferencia o sistema respiratório desses animais de várias espécies de mamÃferos terrestres, como o homem e o cão". A pesquisa foi premiada no VII Encontro Nacional de Conservação e Pesquisa em MamÃferos Aquáticos, realizado em Natal (RN).
Ainda de acordo com o autor do artigo, o conhecimento da estrutura respiratória dos golfinhos amazônicos pode contribuir para compreensão da fisiologia do mergulho e como essas espécies são adaptadas ao habitat.
Instituto Mamirauá: referência no estudo de mamÃferos aquáticos amazônicos
O artigo teve contribuição da lÃder do Grupo de Pesquisa em MamÃferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, Miriam Marmontel. Há mais de dez anos, o grupo investiga a biologia, ecologia e estratégias de conservação desses animais na região do Médio Solimões na Amazônia.
Leia aqui o artigo na Ãntegra.
Texto: LaÃs Maia
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