Estudo avalia densidade de pirarucus após manejo participativo

Publicado em: 12 de julho de 2014

O pirarucu é considerado o maior peixe de escama de água doce do mundo e de grande importância econômica e social na Amazônia Brasileira. A exploração da espécie na Amazônia ocorre desde o século XVIII, com forte pressão nos anos 1970, o que ocasionou sua diminuição drástica na região. Objetivando evitar a exploração desordenada, o IBAMA (Portaria nº 08) proibiu em 1996 a pesca, o transporte e a comercialização do pirarucu com comprimento total inferior a 150 centímetros. 
 
Em 1999, o manejo participativo de pirarucu foi implementado pelo Instituto Mamirauá com o objetivo de promover o uso sustentável da espécie a partir do envolvimento da população local na gestão do manejo. A definição de quotas de captura do pirarucu passou a ser feita com base no método de contagem visual dos pirarucus nos lagos, quando eles vêm à superfície para respirar, feita por grupo de pescadores treinados para este fim. As modalidades de explorações ilegais e mesmo as legais podem causar profundas modificações na densidade, estrutura populacional e na proporção sexual das espécies. Sem o acompanhamento desses parâmetros, é difícil prever as oscilações nas estruturas populacionais ao longo do tempo. 
 
Diante destes fatores e considerando que as informações são indispensáveis quando se trata de uma espécie suscetível de manejo, um extenso estudo analisou a variação da abundância, densidade e estrutura populacional do pirarucu manejado em quatro áreas de várzea do médio Solimões, a partir da análise dos dados dos censos populacionais de 2002 a 2012, e do monitoramento da pesca entre os anos de 2008 a 2012 nos sistemas de manejo Jarauá e Maraã, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, e Coraci e Pantaleão, na Reserva Amanã. Os resultados apontaram que o longo dos anos de manejo nessas áreas, a população de pirarucus passou por fases de crescimento populacional alcançando densidades altas. 
 
Entretanto, nos últimos anos do período avaliado a população de pirarucu sofreu pequenos declínios e flutuações em sua densidade. "Essa pequena variação na densidade da população não compromete o manejo dessa espécie, pois há um equilíbrio entre jovens e adultos, e esses dados são constantemente monitorados, permitindo à assessoria técnica identificar de imediato possíveis alterações e, a partir desta informação, sugerir possíveis mudanças na determinação das quotas de captura para não comprometer a sustentabilidade dos sistemas de manejo da espécie", explicou Ruiter Braga da Silva, técnico do Programa de Manejo de Pesca Instituto Mamirauá, um dos autores do estudo.
 

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