Estudante realiza levantamento sobre parteiras tradicionais no município de Tefé
Publicado em: 26 de agosto de 2013
O Instituto Mamirauá está realizando através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC-Jr), uma pesquisa sobre as parteiras tradicionais no bairro do Abial, município de Tefé. A pesquisa é desenvolvida por Emily Gabriele Cavalier de Almeida e orientada por Dávila Corrêa e Mercês Bezerra, ambas do Programa Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá e Grupo de Pesquisa Populações ribeirinhas, modos de vida e políticas públicas na Amazônia".
O objetivo é identificar a presença de parteiras tradicionais em um bairro urbano de Tefé, saber se elas estão sendo apoiadas e falar sobre o parto humanizado realizado por essas mulheres. O levantamento está ocorrendo no Bairro do Abial, indo a campo visitá-las e saber se elas ainda estão atuando.
A identificação das parteiras é feita através de entrevistas com o uso de um questionário dividido em duas partes. A primeira faz referência ao perfil socioeconômico das parteiras tradicionais, obtendo dados como: nome das parteiras, endereço, renda familiar, grau de instrução, se ela tem algum problema de saúde, se em sua casa tem energia elétrica ou água encanada, o estado civil dentre outras. A segunda parte se refere ao trabalho como parteiras: com que idade ela aprendeu a fazer partos? Quantos partos ela já atendeu? Quais os principais problemas que elas enfrentam? Que tipo de remédios são utilizado no atendimento a gestante e ao parto? Se ela costuma encaminhar a gestante ao serviço de saúde? Se ela recebe apoio do serviço de saúde, etc.
Conclusões Parciais.
Durante a visita, foi identificado que as parteiras do bairro do Abial são mulheres que possuem o dom de partejar e os partos realizados por elas, geralmente, ocorrem no domicÃlio da parturiente. São senhoras já idosas, com limitações pela idade, como a dificuldade de enxergar, gostam bastante de conversar sobre os partos que já realizaram e se dispõem a partejar. O que chama atenção em relação a essas mulheres é que elas não têm hora para "partejar", algumas vezes deixam de descansar e de comer para atender a um parto ou "pegar na barriga da gestante" para "ajeitar o bebê", pois segundo elas, isso serve de aconchego para a gestante se sentir bem. Também é comum sair tarde da noite para atender a uma mulher que necessita de sua ajuda. Apesar das dificuldades encontradas no ofÃcio que essas mulheres exercem, elas as superam e trabalham com a esperança de que um dia receber o devido reconhecimento.
Para Dávila Corrêa, socióloga e orientadora da pesquisa, o objetivo principal é identificar as parteiras do bairro do Abial que ainda atendem as gestantes, saber quem e quantas são para que possam preencher uma ficha de cadastro do Ministério da Saúde. Essa ficha será entregue ao Serviço de Saúde do MunicÃpio de Tefé e servirá para conhecer as parteiras e planejar ações básicas de assistência a gestantes e ao recém-nascido.
"A pesquisa identifica as parteiras e mostra que elas têm uma grande importância para a saúde materna e infantil, pois muitas vezes as gestantes não têm condições de procurar o serviço público de saúde devido às distâncias e as parteiras são a via mais próxima para cuidar da saúde da mãe e da criança", enfatizou Dávila.
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