União de conhecimento cientÃfico e tradicional é foco de encontro de parteiras da Amazônia
Publicado em: 4 de abril de 2019
Aconteceu em Tefé, no Amazonas, o 12ª Encontro de Parteiras com o objetivo de disseminar técnicas para aprimoramento de partos em comunidades da Amazônia. O evento reuniu cerca de 40 parteiras de Juruá, Fonte Boa, Japurá, Maraã, Alvarães, Uarini e da cidade-sede do evento. As atividades aconteceram do dia 27 ao 29 de março.
No encontro foram realizadas palestras e dinâmicas com profissionais de medicina e enfermagem para tirar dúvidas das parteiras da região e contribuir com técnicas e dicas para melhorar o atendimento às gestantes.
Essa foi a 12ª edição da reunião de parteiras e a primeira desde a criação da Associação de Parteiras Tradicionais do Estado do Amazonas (APTAM). Também conhecida pelo sÃmbolo do algodão-roxo (planta medicinal usada na assistência a gestantes), a associação é uma entidade civil organizada que luta pelas práticas tradicionais e populares da categoria.
De acordo com a parteira associada, Raimunda Parreira das Missões, o algodão roxo traz inúmeros benefícios para a gestante. "O algodão roxo serve para dor de cólica e também mulher fazer banho quando tá com coceira no corpo, por isso a gente indica", afirma.
A associada Maria Lucimar Pereira Vale teve o primeiro contato com o ofÃcio aos 12 anos, quando deu assistência a sua mãe, parteira. "Ela me chamou e disse 'me ajuda aqui', me deu um nervoso, mas eu fui". Maria criou gosto pela profissão e não parou mais. "Tô até agora nessa luta por amor às parturientes e por amor às crianças. É muito bonito ver o nascimento das crianças, é uma honra. Eu faço parto porque tenho amor", relata a comunitária, que levou a filha, Hélia, no encontro.
Conhecimentos aliados
A parteira destaca a importância das oficinas e capacitações realizados pelo Instituto Mamirauá, um dos organizadores do evento. Para ela, a troca de conhecimentos é essencial para melhorias do ofÃcio. "Tanto a gente aprende com eles quanto eles [do Instituto] com a gente. Dos remédios caseiros eles não sabem, então a gente explica", diz.
Para a técnica do Programa Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá, Maria das Dores Marinho, as informações da área de saúde são uma forma de complementação e não substituição dos conhecimentos tradicionais da parteira. "Uma mulher que começou a sangrar muito e está fraca e a parteira aprende a identificar que é, por exemplo, pressão baixa, então ela pode usar os próprios remédios caseiros. Se ela entende o que é o problema, ela entra com os próprios métodos. Por isso a importância dessas capacitações", explica.
Maria Lucimar conta que informa as parturientes sobre os exames requisitados pelos médicos. "Eu digo para elas 'só vou fazer o parto se vocês fizerem o pré-natal', aà elas correm logo para fazer. Se tiver tudo preenchido direitinho [o cartão pré-natal], a gente faz". Mesmo assim, não deixa de receitar chás e outras soluções caseiras conhecidas pela eficácia nas melhorias de sintomas comuns de gestação.
Entre as atividades, uma palestra realizada pela representante da Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas (SUSAM), Sandra Cavalcante, abordou a importância do pré-natal tanto para as gestantes quanto para as parteiras e também os principais hábitos prejudiciais à gravidez como o consumo de drogas como álcool, cigarro e cafeÃna.
Uma das parteiras mais experientes do município de Tefé, Maria José, ressaltou a necessidade do alinhamento de informações entre parteiras e médicos. "O médico bateu ultrassom da minha neta grávida de 5 meses. Ela me disse que estava preocupada porque o bebê estava sentado, aà eu disse para ela ficar tranquila porque nessa fase o bebê tá em rotação. Por isso tem que fazer o pré-natal duas vezes, com o médico e com a parteira". Uma das demandas da associação das parteiras é pela inserção do espaço para preenchimento da parteira no cartão pré-natal.
Além do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o 12º Encontro de Parteiras de Tefé contou com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), SUSAM, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), entre outros.
Texto: Júlia de Freitas
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