Em Florianópolis, Instituto Mamirauá apresenta experiência com saneamento em áreas de várzea
Publicado em: 27 de julho de 2018
Pesquisa será apresentada durante Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que acontece a partir da próxima terça-feira (31), na capital catarinense.
O saneamento pode ser especialmente desafiador em áreas de várzea na Amazônia. A dinâmica dos rios, com secas e cheias, dificulta a implementação de tecnologias convencionais por conta do alagamento e outros fatores. O uso do sanitário seco com separação de urina é uma das alternativas para moradores da região. Desde 1997, o Instituto Mamirauá promove pesquisas sobre tecnologias de esgotamento sanitário apropriadas para a área. Os desafios e aprendizados desses estudos serão compartilhados com o público durante o "Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação" (CBUC), que começa na próxima terça-feira (31), em Florianópolis.
"Experiência com saneamento em uma unidade de conservação na Amazônia Central: uso de sanitário seco na visão dos usuários" será apresentado pela engenheira sanitarista Patrícia Müller, integrante do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento e Adaptação de Tecnologias Sustentáveis (GPIDATS). O estudo é resultado de um levantamento documental das ações do Instituto Mamirauá relacionadas ao uso de sanitários secos na região de várzea do Médio Solimões, no estado do Amazonas.
A pesquisadora explica que a temática do saneamento é de interesse mundial e afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas. Por isso, assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento básico é um dos objetivos previstos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento sustentável. A meta deverá ser alcançada até 2030.
O saneamento em áreas de várzea
Nas Reservas Mamirauá e Amanã, no estado do Amazonas, é comum a prática de defecação a céu aberto. De acordo com Patrícia, isso pode ocasionar diversos problemas para saúde. "A defecação a céu aberto possui um ciclo de contaminação muito grande. E, mesmo o sanitário de buraco, que também é uma tecnologia comum na região, não é a mais adequada porque provoca contaminação do solo e da água", afirmou a engenheira sanitarista.
Diante desse cenário, o GPIDATS do Instituto Mamirauá tem buscado estudar alternativas. Uma delas é justamente o sanitário seco com separação de urina. "Nós fizemos a instalação dessa tecnologia na comunidade São Paulo do Coraci e são as impressões dos usuários dessa localidade que vamos compartilhar no CBUC", disse Patrícia. Sobre a experiência, a engenheira ressalta a importância de um esclarecimento sobre os benefícios e limitações da tecnologia. "É preciso entender que o sanitário seco não é uma solução, mas sim uma alternativa.
Segundo a pesquisadora do Instituto Mamirauá, ainda há um longo caminho a ser percorrido e outros tipos de tecnologias alternativas devem ser estudadas. "O saneamento básico é um direito fundamental. Por isso, é importante levar esse tipo de informação adiante e mostrar quais são os desafios aqui para região. Com isso, podemos pensar em conjunto com profissionais de outras regiões em soluções alternativas".
Conservação da Amazônia também será pauta do CBUC
O Instituto Mamirauá também levará ao Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação sua experiência em monitoramento da biodiversidade na Amazônia. O coordenador do Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia, Emiliano Esterci Ramalho, irá apresentar os resultados do projeto Providence, uma tecnologia que está em desenvolvimento para detectar espécies de animais na Amazônia com uso de imagens e sons. Os dados coletados são compartilhados em uma plataforma online e podem ser usados para gerar mais conhecimento sobre o bioma amazônico.
O projeto Providence é uma colaboração entre centros de pesquisa ao redor do mundo, liderada pelo Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), e financiado pela Fundação Gordon and Betty Moore.
Sobre o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação
Organizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à natureza, o CBUC é uns dois mais importantes congressos da América Latina sobre a conservação da natureza. Com mais de 20 anos de história, o evento reúne anualmente especialistas em conservação e gestão ambiental. A edição de 2018 do CBUC acontece entre os dias 31 de julho e 02 de agosto, em Florianópolis, Santa Catarina.
Texto: LaÃs Maia
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