Trabalho de mulheres que transformam a Amazônia: liderança, ciência e sustentabilidade no Instituto Mamirauá

Publicado em:  7 de março de 2025

Conheça as histórias de mulheres que fazem parte do instituto e impulsionam ações socioambientais na região amazônica 

Amazônia, palavra feminina. No Instituto Mamirauá, o protagonismo feminino é uma força vital para a conservação ambiental, a promoção da bioeconomia e o fortalecimento das comunidades locais.

Mulheres como a arqueóloga Geórgea Holanda, a socióloga Tharyn Machado e a coordenadora de logística Franciete Lima desempenham papéis fundamentais, conectando seus conhecimentos, talentos e áreas de especialidade com a missão do Instituto de integrar ciência, ancestralidade e desenvolvimento sustentável na região amazônica.

Geórgea Holanda: conectando o passado e o presente de mulheres na Amazônia

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Crédito: Julia Rantigueri

Arqueóloga no Instituto Mamirauá, Geórgea Holanda dedica-se ao resgate e à valorização da história milenar da ocupação humana na Amazônia, um campo frequentemente invisibilizado pela narrativa tradicional. Em seu trabalho de pesquisa, ela analisa artefatos arqueológicos, como cerâmicas, um fazer ancestral, desenvolvido e praticado por mulheres da região ao longo de gerações.

"Na história colonial, muitas vezes não aprendemos sobre as mulheres que produziam cerâmica na Amazônia, um ofício extremamente difícil, que a gente chama de cadeia operatória, o modo de fazer a cerâmica", explica Geórgea. Ela destaca que, ao investigar essas práticas por meio de fragmentos de cerâmica encontrados em campo, é possível conectar o passado das mulheres amazônicas ao presente. "A arqueologia tem o poder de contar histórias que a história oficial omite, trazendo essas mulheres do passado para o presente", comenta.

Além da cerâmica, Geórgea também enfatiza a importância do papel das mulheres na domesticação de plantas, como a pupunha, e no manejo de diversas espécies da floresta amazônica. "Essas mulheres foram responsáveis por domesticar e melhorar geneticamente várias espécies que hoje fazem parte da nossa alimentação, como o açaí, a farinha e o cacau", ressalta, reconhecendo o valor da contribuição feminina para a sociobiodiversidade da Amazônia.

Tharyn Machado: valorização e visibilidade das mulheres no manejo e conservação

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Crédito: Julia Rantigueri

Para Tharyn Machado, socióloga e pesquisadora no Instituto Mamirauá, trabalhar na Amazônia é, ao mesmo tempo, desafio e oportunidade. Há três anos, ela desenvolve uma pesquisa focada nas relações de gênero e na participação das mulheres na governança socioambiental dentro de Unidades de Conservação, especialmente na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no estado do Amazonas.

Tharyn busca entender como mulheres amazônidas se relacionam com as dinâmicas de organização desses espaços e como estão inseridas em práticas de manejo florestal e turismo sustentável na região.

"Apesar dos desafios, temos identificado um grande potencial de organização entre as mulheres da Amazônia, mesmo que esse papel não tenha sido amplamente reconhecido na literatura", explica a pesquisadora. Ela observa que, por meio de sua pesquisa, tem se esforçado para dar visibilidade a essas mulheres e ajudá-las a conquistar maior participação nas decisões sobre o manejo de recursos naturais.

"A pesquisa pode contribuir e provocar ações voltadas para que se estabeleçam novas políticas públicas que deem condições para a participação dessas mulheres", afirma.


Nascida em Parintins (AM), Tharyn ressalta que ser uma mulher pesquisadora na Amazônia é um desafio, "porque é estar num lugar e ao mesmo tempo estranhar o meu lugar. Mas é também fascinante, e ter um espaço como o Instituto Mamirauá, que incentiva mais pesquisas voltadas para essa temática, é muito especial. Sobretudo, é muito gratificante poder contribuir com a produção de conhecimento social na Amazônia”.


Franciete Lima: liderança na logística e infraestrutura do Instituto Mamirauá

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Crédito: Julia Rantigueri

Franciete Lima, coordenadora de Infraestrutura e Logística do Instituto Mamirauá, tem um papel essencial na manutenção das bases de pesquisa e na coordenação das atividades logísticas que são fundamentais para o funcionamento das pesquisas e projetos de manejo em campo.

Com 15 anos de experiência na instituição, Franciete lidera uma equipe de 40 pessoas entre a sede e a base de apoio logístico, localizadas em Tefé (AM), e 7 bases de pesquisa situadas em 3 Unidades de Conservação na Amazônia, garantindo que as condições para as equipes de trabalho em campo sejam adequadas e seguras.

"É um trabalho desafiador, mas muito gratificante. Conseguimos manter a infraestrutura funcionando e atender às necessidades dos pesquisadores e técnicos", afirma. “Temos uma equipe muito engajada, bem comprometida e isso me dá muita segurança para as tomadas de decisões dentro da coordenação”.

"No Instituto, acreditamos que a sustentabilidade acontece por meio de parcerias e compromisso com a equidade e o protagonismo feminino, construindo junto com a instituição soluções responsáveis para o meio ambiente e para as comunidades. Juntos e juntas, transformamos o presente e inspiramos o futuro", diz Franciete, reforçando o papel das mulheres no desenvolvimento sustentável da região.


Protagonismo feminino no Instituto Mamirauá: equidade, liderança e impacto

O trabalho de Georgea, Tharyn e Franciete reflete a missão do Instituto Mamirauá de promover a sustentabilidade e a conservação ambiental na Amazônia, com ênfase no empoderamento de comunidades da região e no desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis.

Atualmente, 53% das pessoas que trabalham no Instituto Mamirauá são mulheres. Na frente da pesquisa científica, 65% das bolsas de investigação são ocupadas por mulheres cientistas, evidenciando a centralidade do fazer feminino nas atividades desenvolvidas pela organização.

Além disso, 57% das posições de liderança dentro da instituição são exercidas por mulheres, o que demonstra não só o comprometimento com a diversidade de gênero, mas também o impacto positivo da presença feminina nas decisões estratégicas e operacionais.

Esses números ilustram a força das mulheres na organização e reforçam a missão do Instituto Mamirauá em promover uma atuação colaborativa e inclusiva, onde as mulheres ocupam espaços de destaque e liderança em diversas áreas da ciência e da gestão socioambiental.

 

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