Coleta de piracatingas vai subsidiar informações sobre biologia reprodutiva da espécie

Publicado em: 25 de março de 2013

O Grupo de Pesquisa em Ecologia e Biologia de Peixes do Instituto Mamirauá realizou, na última semana, mais uma coleta de piracatinga (Calophysus macropterus) na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Segundo a bióloga e pesquisadora Danielle Pedrociane, o objetivo da pesquisa é estudar o ciclo reprodutivo da espécie já que não há muitas informações a respeito deste peixe, que tem um interesse econômico pesqueiro, em função da exploração para os mercados da Colômbia e nordeste do Brasil. "Queremos saber sobre o ciclo de vida desta espécie. Para isso, o primeiro passo será o estudo reprodutivo", afirmou Danielle. 

Uma das hipóteses seria que na região da Reserva Mamirauá não é possível encontrar piracatingas "ovadas", ou seja, um peixe adulto que está em estágio maduro de reprodução, conforme explicou Danielle: "Agora, nós vamos analisar as piracatingas coletadas para saber se elas podem estar desovando aqui ou não, ou se elas estão indo desovar em outro lugar. Mas somente após essas coletas, por meio de análises macroscópica e histológica das gônadas é que poderemos responder se há áreas de reprodução aqui ou não".  
 
A pesquisa terá uma duração de 12 meses, e a coleta que ocorreu entre 19 e 20 de março, foi a terceira do estudo que teve início em janeiro. O ponto de coleta é o setor Horizonte da Reserva Mamirauá, que fica no município de Uarini. São capturados 100 animais mensalmente e, destes, 70 são medidos e devolvidos ao rio. "Nós medimos dois tipos de comprimento, o furcal (pois o peixe tem nadadeira caudal do tipo furcada) e o padrão (que é a distância tomada do focinho até a extremidade da coluna vertebral), este último  é um tamanho de referência para todas as espécies de peixes", disse a pesquisadora. A piracatinga é considerada o urubu d água, pois alimenta-se de restos de animais  mortos. A pesquisadora utiliza como isca vísceras de peixe para atrair os animais para uma caixa de madeira com porta, onde são capturados. 
 
Uma amostra de 30 peixes é levada para o laboratório do Instituto Mamirauá, onde o grupo de pesquisa realiza a biometria dos indivíduos. "Nós medimos, pesamos, retiramos as gônadas, e vemos o sexo, estágio de maturidade sexual, para saber se ele é jovem ou se é adulto", informou Danielle, acrescentando que o trabalho de histologia (o estudo dos tecidos biológicos de animais e plantas, sua formação, estrutura e função) que vai decidir o tipo de população que há nesta região. "O resultado desta pesquisa vai mostrar também o status atual da população desta espécie na região. Nós vamos poder analisar, se há longo prazo o estoque desta população estará comprometido, ou não, pela exploração pesqueira", conclui Danielle. 
 
Texto: Eunice Venturi

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