‘Boletim das Águas’: projeto utiliza grupo no WhatsApp para trocar informações sobre a seca entre comunidades ribeirinhas, pesquisadores e público geral

Publicado em: 14 de agosto de 2024

Desde abril de 2023, o Grupo de Pesquisa em Geociências do Instituto Mamirauá administra um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp que divulga informações sobre os níveis dos rios na região do Amazonas. Inicialmente focado na região do Médio Solimões, hoje o grupo, que já conta com mais de 700 membros, reúne também informações sobre o Alto Solimões e afluentes como os rios Japurá e Negro.

As informações sobre o nível da água dos rios eram inicialmente repassadas de maneira quinzenal, mostrando o aumento ou diminuição do nível dos rios de acordo com réguas instaladas e monitoradas pelo Instituto Mamirauá e outras instituições como a Agência Nacional de Águas e o Serviço Geológico do Brasil. Após a seca extrema de 2023, houve um aumento expressivo do número de membros no grupo e da demanda por informações, que começaram a ser repassadas diariamente. Informações sobre o nível do rio em Tabatinga também começaram a ser repassadas diariamente, visto que a dinâmica das águas nesta região tem correlação direta com a região do Médio Solimões.

Diversas lideranças de comunidades indígenas e ribeirinhas integram o grupo, além de pesquisadores e representantes de instituições públicas, como a Defesa Civil e o Serviço Geológico do Brasil. Portanto, o grupo serve como espaço para troca de conhecimentos e informações entre estes atores, que discutem sobre o clima, a dinâmica das chuvas, a temperatura e o nível dos rios, enriquecendo o debate sobre o impacto das mudanças climáticas na região. Mais recentemente, o grupo começou também a divulgar as informações sobre o nível dos rios a partir de áudios semanais. Este meio alternativo de divulgação tem por objetivo aumentar a acessibilidade das informações, visto que parte do público que participa do debate não é alfabetizado. 

Diante de um cenário incerto em relação à seca deste ano, que pode vir a ser intensa como a do ano passado, o acesso à informação e a divulgação de dados confiáveis é de suma importância para auxiliar na busca por soluções e adaptações aos impactos gerados pela crise climática.

Texto: Miguel Monteiro

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