Arqueólogos do Instituto Mamirauá apresentam trabalhos durante encontro em Rondônia

Publicado em:  4 de novembro de 2016

O que faz um botânico entre os arqueólogos da Amazônia? Como eram produzidos os amuletos, conhecidos como Muiraquitãs, pelas populações indígenas da antiguidade? Dois arqueólogos do Instituto Mamirauá estão em Porto Velho (RO) para apresentar e discutir esses assuntos, resultados dos seus projetos desenvolvidos na Amazônia. Os trabalhos serão expostos durante a III Reunião da Sociedade Brasileira de Arqueologia da região Norte, que reúne especialistas entre os dias 06 e 11 de novembro para uma série de atividades, entre palestras, oficinas, exposições e debates.

Um dos trabalhos apresentados durante o evento será a pesquisa realizada pelo técnico do Instituto Mamirauá - unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações -, Márcio Amaral.  No projeto, intitulado "Tecnologias de Produção de Muiraquitã e Contas Líticas", o arqueólogo analisa a produção do amuleto na região do baixo Rio Amazonas, estudando as tecnologias e técnicas dessa região, utilizadas pelos indígenas entre os séculos X e XVIII, e das regiões do Rio Negro e do médio Rio Solimões.

"Nesse período houve um grande adensamento populacional na Amazônia. Fiz uma ampliação da pesquisa para as regiões do Rio Negro e Médio Solimões, na tentativa de correlacionar as tecnologias de produção lítica nessas áreas, separadas geograficamente", comentou Márcio.

A outra pesquisa, desenvolvida no Instituto Mamirauá, que será apresentada durante o encontro é a realizada pela botânica e arqueóloga Mariana Cassino. "Vou apresentar minhas impressões sobre de que forma a Botânica pode dialogar com a Arqueologia e como esse diálogo, que já existe hoje, pode ser ainda muito afinado. As reuniões da Sociedade de Arqueologia Brasileira são momentos importantes de trocas de experiências e renovação das ideias entre os arqueólogos, que vêm das mais diversas áreas da ciência interdisciplinar que é a Arqueologia", comentou a pesquisadora.

Um dos tópicos que será apresentado por Mariana durante o evento é a sua participação em uma escavação arqueológica realizada em agosto na foz do lago Caiambé, no município de Tefé (AM), em parceria com arqueólogos de diversas instituições. "Compartilhar com a equipe de arqueólogos os momentos de coletas botânicas durante a escavação foi uma experiência fantástica. As discussões e as trocas nos fazem enriquecer muito: nós voltamos para a nossa disciplina com um olhar mais crítico, mas sobretudo com maior encantamento, pois redescobrimos a importância da aplicação sistemática de metodologias da Botânica para a interpretação dos dados arqueológicos", comentou. A pesquisadora destaca que as análises botânicas contribuem para uma interpretação sobre o uso de plantas e o manejo da paisagem na antiguidade.

Márcio apresenta seu projeto na "Mesa 04 – Análise de materiais arqueológicos do leste amazônico" no dia 08 de novembro, a partir das 14h. E Mariana fará a exposição da sua pesquisa na "Mesa 05 – Arqueobotânica e zooarqueologia" no dia 09, a partir das 8h. O encontro da Sociedade Brasileira de Arqueologia da região Norte acontece no Teatro Guaporé, em Porto Velho. "É gratificante apresentar no congresso os resultados parciais da pesquisa desenvolvida em laboratório e contribuir nos debates acerca de tecnologias líticas nas terras baixas amazônicas", completou Márcio.

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