Antigos caçadores resgatam peixe-boi ferido na Reserva Amanã
Publicado em: 13 de novembro de 2012
13/11/2012 - Desde 2001, o Instituto Mamirauá desenvolve ações em conjunto com os moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, a fim de envolver o conhecimento tradicional no desenvolvimento de pesquisas destinadas à conservação do peixe-boi amazônico na unidade de conservação, criada em 1998. O trabalho começou com o envolvimento de moradores com grande conhecimento sobre peixe-boi, a maioria deles com histórico de caça da espécie, nas capturas cientÃficas desenvolvidas para rádio-marcar animais de vida livre.
Na primeira semana de novembro, o conhecimento desses ribeirinhos foi novamente solicitado pelos pesquisadores: onze ribeirinhos participaram da contagem comunitária de peixe-boi no lago Amanã. Durante a contagem - que registrou 45 animais - os antigos caçadores tiveram uma experiência inusitada: eles resgataram um peixe-boi ferido por um arpão.
A perÃcia, antes utilizada para matar peixes-boi, serviu desta vez para poupar um peixe-boi da caça: os antigos caçadores conseguiram dominar o peixe-boi e retiraram o arpão, que atravessava a cauda do animal.
"A arpoeira estava limenta e a pele tava engelhada. A gente supõe que ele foi arpoado há muito tempo, ainda na cheia", disse o agricultor Emilson Silva de Freitas, 47 anos, que participou do resgate do animal. "Foi uma experiência sensacional, a mais emocionante que eu tive aqui", disse a graduanda em Ciências Biológicas Nathalia Monalisa Francisco, estudante da Universidade Federal de Alfenas (MG), que há três meses faz estágio extracurricular na Reserva Amanã.
Após a retirada do arpão, o peixe-boi, macho, de 2,40m, foi solto imediatamente.
Caça
Relatos históricos, da época do Brasil colonial, apontam que o peixe-boi era abundante nos grandes rios da Bacia Amazônica, desde a Colômbia, Peru e Equador até a Ilha de Marajó, no Pará. Há registros de caça do animal para subsistência de tribos indÃgenas desde 1542. Durante os séculos XIX e XX, a caça comercial dizimou milhares de indivÃduos da espécie. Não existem estimativas precisas sobre a quantidade de indivÃduos na natureza, mas histórico de exploração da espécie justifica a sua classificação como vulnerável à extinção.
Conservação
O Instituto Mamirauá desenvolve pesquisas sobre o peixe-boi amazônico por meio do Projeto Conservação de Vertebrados Aquáticos Amazônicos (Aquavert), que recebe patrocÃnio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental.
Texto: Augusto Rodrigues
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