Instituto Mamirauá presente na 32ª Assembleia Geral da Reserva Mamirauá, no Amazonas
Publicado em: 9 de abril de 2025
O instituto é um dos parceiros do evento, que fortalece a gestão participativa na Amazônia ao reunir lideranças comunitárias, instituições e juventude em debates sobre sustentabilidade, conservação e direitos.
Encontro anual reuniu centenas de pessoas, entre lideranças comunitárias, representantes de instituições públicas, parceiros e membros da sociedade civil. Crédito: Virgilio Machado
De 21 a 23 de março de 2025, a Comunidade Batalha de Baixo, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, foi palco da 32ª Assembleia Geral da Reserva Mamirauá.
O encontro anual reuniu centenas de pessoas, entre lideranças comunitárias, representantes de instituições públicas, parceiros e membros da sociedade civil. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, com 17 colaboradores entre técnicos e pesquisadores, participou ativamente do evento, reafirmando seu compromisso com a conservação da biodiversidade e o fortalecimento das comunidades tradicionais da região.
Encontro anual fortalece a governança comunitária
Crédito: Virgilio Machado
A Assembleia Geral é o principal fórum de debate e deliberação da Reserva Mamirauá, criada em 1996 como a primeira do tipo no Brasil. O evento é um espaço onde os moradores se encontram para discutir os principais desafios e oportunidades enfrentados em suas comunidades, revisar projetos em andamento e propor novas ações para a melhoria da qualidade de vida. Este ano, parte importante das discussões foram dedicadas ao documento de revisão do Plano de Gestão da Reserva Mamirauá, que atualizará questões importantes de direitos, compromissos e regramentos a respeito da convivência, conservação e uso do território.
A Associação de Moradores e Usuários da Reserva Mamirauá Antônio Martins (AMURMAM) é uma das entidades que participa e organiza as Assembleias Gerais da Reserva Mamirauá. Como associação-mãe da reserva, a AMURMAM foi criada com o propósito de promover a melhoria da qualidade de vida, fortalecer os aspectos sociais e econômicos das comunidades locais e proteger o meio ambiente por meio de parcerias estratégicas.
Segundo Carlos Gonçalves, presidente da associação, "a AMURMAM considera que a realização da assembleia reforça nosso papel enquanto articuladora dos interesses das comunidades e guardiã dos princípios de sustentabilidade que regem a reserva. Já para os moradores, trata-se de um momento de protagonismo e garantia de que suas vozes estão sendo ouvidas e respeitadas.
José Albino, vice-presidente da AMURMAM, reforçou a importância da Assembleia e da participação da AMURMAM nesse espaço de tomada de decisões. “Pra gente, é um momento muito crucial, muito importante, porque a gente tá participando de uma assembleia que vem trazer a participação dos comunitários, das instituições que apoiam o trabalho da associação dentro da Unidade de Conservação”, disse. “Vamos discutir a importância das cadeias produtivas sustentáveis, pra trazer uma qualidade de vida pros moradores e trabalhar com os produtores dentro das organizações sociais comunitárias.”
Juventude e tradição lado a lado
Entre os participantes, a jovem Raimunda Moreira, de 18 anos, moradora da comunidade Aiucá, vivenciou sua primeira Assembleia e expressou entusiasmo com a experiência: “Pra mim, é um privilégio estar na Assembleia, é a primeira vez que eu participo, então é muito gratificante pra mim, como jovem, poder estar levando conhecimento pra minha comunidade,” contou. “É uma oportunidade de compreender novas coisas e compartilhar com as pessoas.”
O envolvimento da juventude na Assembleia é um dos pontos de atenção das lideranças e instituições parceiras. Fortalecer a participação ativa de jovens nos espaços de decisão é essencial para garantir a continuidade da gestão comunitária e dos saberes tradicionais, promovendo um modelo de desenvolvimento sustentável que ultrapasse gerações.
A troca de experiências entre diferentes comunidades reforça o senso de pertencimento e o comprometimento coletivo com a conservação da reserva.
Instituto Mamirauá apresenta resultados e novos projetos na reserva
Dezessete técnicos e pesquisadores do Instituto participaram das atividades, representando sete coordenações e seis grupos de pesquisa. Crédito: Virgilio Machado
O Instituto Mamirauá, que tem sua história entrelaçada à da reserva, é uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Desde sua criação, em 1999, atua com pesquisa científica, manejo sustentável e desenvolvimento social, com foco principal na região do Médio Solimões, no Amazonas, e, mais recentemente, ampliando a sua atuação para o Estado do Pará e Amapá. Sua presença na Assembleia é um reflexo direto de sua missão de integrar ciência e saber tradicional na construção de políticas públicas eficazes para a Amazônia.
Paulo Roberto e Souza, analista do Programa de Gestão Comunitária do Instituto Mamirauá, compartilhou sua impressão sobre o evento. “Eu estou bem impressionado com a participação das pessoas, não só pela quantidade de moradores, mas pelas discussões maduras que estão sendo feitas. As pessoas entendem seu papel como moradores de uma área protegida e a parceria que precisa existir com o órgão gestor e de fiscalização,” afirmou. “O Instituto Mamirauá sempre teve esse compromisso com os moradores, de estarmos presentes nos fóruns das assembleias. Valeu a pena estar aqui. Todos que vieram aqui saem fortalecidos, assim como a gestão da Reserva Mamirauá.”
Dezessete técnicos e pesquisadores do Instituto participaram das atividades, representando sete coordenações e seis grupos de pesquisa. A presença da equipe em campo, ouvindo as demandas locais e compartilhando conhecimento técnico, é parte fundamental do trabalho contínuo da instituição junto às comunidades da reserva.
Reunião de devolutiva reforça alinhamento institucional
Após a Assembleia, no final de março, foi realizada uma reunião de devolutiva na sede do Instituto Mamirauá, em Tefé, com a presença da equipe geral da instituição. O encontro teve como objetivo repassar os principais pontos discutidos durante a Assembleia Geral da Reserva Mamirauá, promovendo o alinhamento interno e fortalecendo o diálogo entre os programas e áreas do instituto.
“Estamos aqui com a equipe do Instituto Mamirauá para fazer o repasse das discussões que tiveram na Assembleia Geral da Reserva Mamirauá. Esse é um espaço de diálogo, para que a equipe do instituto como um todo fique a par das discussões, entendam o que foi decidido e alinhado, ou possíveis alinhamentos que a gente tenha para a instituição”, explicou Jéssica Jaine Silva, técnica do Programa de Gestão Comunitária do Instituto Mamirauá.
Reserva Mamirauá: um exemplo vivo de conservação participativa
Localizada a cerca de 600 km de Manaus, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é uma das áreas mais emblemáticas de conservação do país. Sua criação foi impulsionada por um pedido do pesquisador José Márcio Ayres, ainda na década de 1980, para proteger o habitat do uacari-branco, primata amazônico ameaçado. A área, que abrange os municípios de Uarini, Fonte Boa e Maraã, é um complexo de ecossistemas aquáticos e terrestres que convivem com o regime das águas — sendo inundada até 15 metros por cerca de seis meses ao ano.
O modelo de gestão adotado em Mamirauá é referência nacional e internacional por conciliar preservação ambiental com a presença e protagonismo das populações tradicionais. A reserva abriga centenas de comunidades, aldeias e sítios organizados em setores, ligados à Amurmam — entidade que coordena as ações coletivas da reserva com apoio técnico de instituições parceiras.
Projetos como o manejo sustentável do pirarucu, desenvolvido com o apoio do Instituto Mamirauá, são exemplos práticos de como a aliança entre conhecimento científico e tradicional pode gerar renda, conservar espécies e fortalecer a autonomia local. A visibilidade alcançada por esses projetos tem colocado Mamirauá no mapa global da conservação comunitária.
Perspectivas futuras e fortalecimento de parcerias
Durante a Assembleia, também foi realizada a reunião do Conselho Gestor da reserva, instância essencial para a tomada de decisões estratégicas. A presença de representantes de instituições como a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM), a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável (IDAM) e a Associação de Produtores da Floresta Estadual (APAFE) contribuiu para alinhar ações futuras e consolidar parcerias.
Para o Instituto Mamirauá, participar da Assembleia é mais do que uma formalidade institucional: é uma reafirmação de seu compromisso com o território e com seus protagonistas — os povos da floresta.
Com o encerramento da 32ª Assembleia, os moradores da Reserva Mamirauá seguem mais articulados, conscientes e engajados com os princípios que regem a Unidade de Conservação. O evento reforça que o futuro da Amazônia passa necessariamente pelas mãos de quem vive nela — e que o fortalecimento dessas vozes é essencial para o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação.
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